terça-feira, 23 de novembro de 2010

A humanidade e a natureza

O que tiramos da natureza


Bilhões de anos, ou até mais, é o tempo de existência do universo. Com suas estrelas, planetas, sois e luas, tudo organizado em assombrosa perfeição.

Planetas em suas órbitas ao redor de sóis, estrelas magníficas convertendo matéria, feito poderosos reatores nucleares, cometas varrendo a sujeira do cosmos com suas caudas luminosas, buracos negros sugando, triturando e saneando em todo o universo.

A perfeição da Natureza pode ser observada desde a complexidade encantadora do universo, bem como na simplicidade de uma simples flor, colorida e perfumada que alegra um jardim e a vista de quem passa.

Assim como no espaço, aqui na Terra, nosso planeta, as coisas são organizadas e regidas com a mesma perfeição. Perfeição essa em que nós estamos mergulhados, e que afim de compreende-la criamos a ciência e comprimimos tudo o que pudemos observar e concluir em fórmulas, teorias teses e suposições.

Com o tempo, após experiências e vivências nós percebemos que muitas das formulas e teorias estavam certas, e em cima delas construímos nossa vida e nossas concepções, e disso se desenvolveu grandes feitos, grandes conquistas.

A vida se tornou cada vez mais cômoda, as relações sociais sofreram mudanças, o homem devido a sua capacidade de raciocinar, pode, observando a Natureza, tirar dela todos os meios que lhe conferiram a supremacia sobre todas as outras espécies.

O grande ser humano, gaba-se de seus feitos, de suas obras, mas mesquinhamente se esquece de que sem a Natureza como exemplo, como professora, ele nada poderia ter feito. Se esquece que tudo o que ele denomina como sendo sua obra, como sua criação, na Natureza sempre existiu um modelo, um esboço. E é da Natureza que ele tirou os materiais e a energia necessária para realizar qualquer que seja a sua “criação”.

Nós seres humanos somos produtos da Natureza, dependemos dela. Sem o ar que respiramos, os alimentos que ingerimos, a água que bebemos as múltiplas radiações a que estamos expostos, nada seriamos, não teríamos forças para realizar nada, nosso cérebro não funcionaria e a capacidade de “criar” não existiria.

Esse é um aspecto que nós deixamos de observar, uma coisa que deixamos de aprender com nossa querida professora: a humildade! A Natureza, cria, vibra, constrói, destrói, de eternidade a eternidade, silenciosamente faz mundos surgirem, beneficia milhares de criaturas, força mais poderosa não existe na matéria e não obstante se mantém humilde, desempenhando seu papel com perfeição e equilíbrio.

Equilíbrio, essa é uma outra lição que nós não aprendemos com a Natureza. Ela nós mostra como o equilíbrio gera harmonia e beleza, que onde há equilíbrio há justiça. Talvez seja por isso, por não termos aprendido o valor do equilíbrio, da justiça é que hoje, no auge da técnica, da tecnologia e da comunicação nós, destruímos e matamos a Natureza e a nós mesmos.

Graças ao cérebro humano com sua capacidade de raciocínio e de memória somos a raça dominante, graças a essa ferramenta poderosa nos destacamos das demais espécies na Natureza. Por isso mesmo é que o nosso proceder contra a Natureza é tão ridículo como insano, já que foi ela mesma que nós deu o poder, quando com seus processos físicos e químicos, com suas descargas elétricas e as irradiações formou os seres vivos, e na evolução natural possibilitou que o cérebro humano se desenvolvesse de tal forma que nós dominássemos sobre esta Terra.

Sem o cérebro nós não seriamos nada. Porem nosso cérebro só funciona porque é suprido e alimentado pelo corpo, e o corpo se alimenta das dádivas que a Natureza nós oferece. Nós só podemos ser dominantes quando estamos na Natureza interagindo com ela, pois ela é que nós possibilita a liderança, sem ela nós nem existiríamos.

O uso indevido da “ferramenta cérebro” pelas criaturas humanas é a única causa dos problemas deste planeta, é o único e grande mal desta raça. Nós seres humanos, com nossa poderosa ferramenta, poderíamos viver muito bem em harmonia com a Natureza, tirando dela o que é necessário para a nossa vida, porem sempre devolvendo o que tiramos, de forma a manter o equilíbrio.

Nós tínhamos e temos capacidade para reconhecer que isso é possível, basta querer. Mas a avareza, a preguiça e o egoísmo do ser humano não permite um reconhecimento nesse sentido. O cérebro que deveria ser a mais fantástica benção para o homem, é hoje a sua maldição, pois ao invés de mantermos em equilíbrio o “coração” e “razão” demos preferência a razão, e assim matamos hereditariamente todo o amor pela Natureza.

Formadores da população brasileira: Os negros



-Condições de vida

Após 110 anoS da libertação, os negros brasileiros continuam lutando pela liberdade e cidadania. Depois da África, o Brasil é o país que concentra a maior população negra do mundo e também onde os negros permanecem ocupando a mais baixa localização na pirâmide social

O termo exclusão é o que mais fielmente traduz a condição em que se encontra o povo negro no Brasil e no mundo. Nos últimos anos, experimentou-se, em escala mundial, uma brutal concentração de renda e de poder. As elites põem em prática projetos conservadores, que recolocam o racismo na ordem do dia - quer seja através da rearticulação e do avanço da direita nos países europeus, quer através do desmonte de políticas sociais antes destinadas aos segmentos marginalizados da população.
Na África morreram, no ano passado, cerca de meio milhão de pessoas por doenças pulmonares, além das mortes provocadas pela fome, guerra e epidemias. No Brasil, é a parcela negra da população a mais duramente atingida pelo desmonte das políticas sociais e de saúde, pelos sistemas de controle populacional, pelo desemprego crônico, pela fome e a violência do latifúndio, do aparato policial e dos grupos de extermínio. É negra a maioria de crianças que vivem nas ruas e de jovens assassinados nos centros urbanos.

Dados assustadores

Dados referentes nos Indicadores Sociais Mínimos do IBGE de 1996 mostraram que a taxa de mortalidade entre crianças negras e pardas no Brasil é dois terços superior à da população branca da mesma idade. Em outras palavras, até os 5 anos, elas têm 67% mais chances de morrer do que uma criança branca. O índice de mortalidade de crianças brasileiras pardas e negras de até 5 anos de idade é de 76 para cada mil nascida vivas. Entre as brancas, a taxa cai para 46 mortes em cada mil.
Também entre os adultos, os homens e mulheres negros estão em condições de maior desigualdade em nosso país. Dados do último censo realizado pelo IBGE em 1990, revelam que entre os brasileiros que contavam com carteira assinada, 58% eram brancos e 41% negros (34% considerados pardos mais 7% considerados negros). De cada 100 empregados, 51% sobreviviam com salário mínimo. Do total de trabalhadores que ganhavam um salário mínimo, 79% eram negros. A inserção no mercado de trabalho é precoce: as crianças brancas de 10 a 14 anos somam 14,9% e as negras 20,5%.
Na área educacional, em 1997, segundo o IBGE, 18% da população brasileira é analfabeta, sendo que entre os negros este percentual sobe para 35,5%, enquanto na população branca é de 15%. No outro extremo, 4,2% dos brancos e apenas 1,4% dos negros haviam alcançado o ensino superior. Em todos os níveis educacionais, a participação do segmento branco é nitidamente superior à do segmento negro. Essa desigualdade reflete-se no acesso ao emprego, aos serviços, aos direitos mínimos de cidadania e na participação no poder, além do aspecto ideológico, marcado pelos preconceitos e estereótipos.
Para exemplificar melhor esse fato, segundo os dados do IBGE de 1997, a média salarial da população branca no país foi de 600 reais por mês, já a média da população negra foi de 300 reais.
O conhecimento sobre as desigualdades raciais, que nos leva à constatação de que um trabalhador negro com formação universitária recebe o equivalente à metade do salário de um trabalhador branco com igual qualificação, comprova a teoria de que a discussão sobre a problemática racial não pode estar dissociada da luta pela igualdade de classes, principalmente porque muitos dos trabalhadores são negros.

Negros e violência

O professor Sérgio Adorno, do Núcleo de Estudos da Violência da USP, há vinte anos vem pesquisando processos na justiça de São Paulo. Entre 1984 a 1988, num fórum de um bairro popular de São Paulo, a Penha, constatou que os negros que representavam 24% da população, participavam com 48% das condenações. Os nordestinos, que são em torno de 18% da população, respondiam por 27% das condenações. Cerca de 5% da população são aqueles cidadãos sem profissão, os chamados biscateiros, que a "justiça" chama de pessoas com "ocupação mal definida". De cada 100 condenados, 35 estavam nessa situação. Outro dado está na população carcerária do Brasil. O último levantamento do Ministério da Justiça indica que cerca de 65% da massa carcerária é de negros e 95% são pobres.
O professor Adorno analisou 500 processos criminais da Cidade de São Paulo, em 1990, e constatou que a maior parte dos réus, 38%, foi condenada por roubo qualificado, em que se usam meios violentos. Os negros são presos em fragrante com mais freqüência que os brancos, na proporção de 58% contra 46%. Isso sugere que recebem uma maior vigilância por parte da polícia. Constatou ainda que 27% dos brancos respondem ao processo em liberdade, enquanto só 15% dos negros conseguem esse benefício. Apenas 25% dos negros levam testemunha de defesa ao tribunal, que é uma prova muito importante, enquanto 42% dos brancos apresentam esse tipo de prova.
É fácil concluir dessa pesquisa do professor da USP que a questão racial tem mais peso do que a financeira. Os negros podem usar exatamente os mesmos direitos de um branco e ainda assim o resultado não será igual. 27% dos negros que contratam, segundo a pesquisa, são absolvidos; no caso dos brancos, a taxa de absolvição chega a 60%.
As condições em que os negros exercem sua cidadania precisam ser reconhecidas por todos como anômalas. Cálculos do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), de 1989, indicam que 44,2% da população brasileira, ou mais de 65 milhões de pessoas, são "pretos" ou "pardos" . No entanto, nas esferas de influência e de poder, a presença negra é restrita, para não dizer nula.
Apesar de o Brasil ter 65 milhões de negros há muitas injustiças contra eles como estamos vendo. Os negros são a maioria dos analfabetos, dos menores salários, nas prisões, nas favelas e nos subempregos e são minoria nas faculdades, entre os empresários, os heróis reconhecidos, os governantes, os bispos, generais, almirantes, brigadeiros e na mídia. Para corroborar essa afirmação, podemos citar Salvador, onde cerca de 60% da população é negra, mas quase não há negros na administração municipal.

A luta anti-racista

A luta anti-racista experimentou um crescimento sem precedente, tanto em função do fortalecimento das organizações autônomas, quanto pela multiplicação de entidades em todo o país, ou pelas novas formas de articulação e de expressão da militância em vários espaços, como por exemplo: locais de trabalho, organizações rurais, sindicatos, movimentos populares, partidos políticos, universidades, parlamento, mulheres negras, órgãos governamentais, entidades religiosas. Nestes âmbitos, devemos ressaltar principalmente as lutas das pastorais do negro da Igreja católica, que começaram com dom Paulo Evaristo Arns, dom Hélder Câmara e dom José Maria Pires, os pioneiros mais sistematizado contra a discriminação dos negros no Brasil, e que depois tomaram corpo em quase todas as dioceses.

-A origem dos negros brasileiros

Escravidão no Brasil

No Brasil, a escravidão teve início com a produção de açúcar na primeira metade do século XVI. Os portugueses traziam os negros africanos de suas colônias na África para utilizar como mão-de-obra escrava nos engenhos de açúcar do Nordeste. Os comerciantes de escravos portugueses vendiam os africanos como se fossem mercadorias aqui no Brasil. Os mais saudáveis chegavam a valer o dobro daqueles mais fracos ou velhos.

O transporte era feito da África para o Brasil nos porões do navios negreiros. Amontoados, em condições desumanas, muitos morriam antes de chegar ao Brasil, sendo que os corpos eram lançados ao mar.

Nas fazendas de açúcar ou nas minas de ouro (a partir do século XVIII), os escravos eram tratados da pior forma possível. Trabalhavam muito (de sol a sol), recebendo apenas trapos de roupa e uma alimentação de péssima qualidade. Passavam as noites nas senzalas (galpões escuros, úmidos e com pouca higiene) acorrentados para evitar fugas. Eram constantemente castigados fisicamente, sendo que o açoite era a punição mais comum no Brasil Colônia.

Eram proibidos de praticar sua religião de origem africana ou de realizar suas festas e rituais africanos. Tinham que seguir a religião católica, imposta pelos senhores de engenho, adotar a língua portuguesa na comunicação. Mesmo com todas as imposições e restrições, não deixaram a cultura africana se apagar. Escondidos, realizavam seus rituais, praticavam suas festas, mantiveram suas representações artísticas e até desenvolveram uma forma de luta: a capoeira.

As mulheres negras também sofreram muito com a escravidão, embora os senhores de engenho utilizassem esta mão-de-obra, principalmente, para trabalhos domésticos. Cozinheiras, arrumadeiras e até mesmo amas de leite foram comuns naqueles tempos da colônia.

No Século do Ouro (XVIII) alguns escravos conseguiam comprar sua liberdade após adquirirem a carta de alforria. Juntando alguns "trocados" durante toda a vida, conseguiam tornar-se livres. Porém, as poucas oportunidades e o preconceito da sociedades acabavam fechando as portas para estas pessoas.

O negro também reagiu à escravidão, buscando uma vida digna. Foram comuns as revoltas nas fazendas em que grupos de escravos fugiam, formando nas florestas os famosos quilombos. Estes, eram comunidades bem organizadas, onde os integrantes viviam em liberdade, através de uma organização comunitária aos moldes do que existia na África. Nos quilombos, podiam praticar sua cultura, falar sua língua e exercer seus rituais religiosos. O mais famoso foi o Quilombo de Palmares, comandado por Zumbi.

Campanha Abolicionista e a Abolição da Escravatura

A partir da metade do século XIX a escravidão no Brasil passou a ser contestada pela Inglaterra. Interessada em ampliar seu mercado consumidor no Brasil e no mundo, o Parlamento Inglês aprovou a Lei Bill Aberdeen (1845), que proibia o tráfico de escravos, dando o poder aos ingleses de abordarem e aprisionarem navios de países que faziam esta prática.

Em 1850, o Brasil cedeu às pressões inglesas e aprovou a Lei Eusébio de Queiróz que acabou com o tráfico negreiro. Em 28 de setembro de 1871 era aprovada a Lei do Ventre Livre que dava liberdade aos filhos de escravos nascidos a partir daquela data. E no ano de 1885 era promulgada a Lei dos Sexagenários que garantia liberdade aos escravos com mais de 60 anos de idade.

Somente no final do século XIX é que a escravidão foi mundialmente proibida. Aqui no Brasil, sua abolição se deu em 13 de maio de 1888 com a promulgação da Lei Áurea, feita pela Princesa Isabel.

-A miscigenação


Miscigenação

Não existe na atualidade nenhum grupo humano racialmente puro. As populações contemporâneas são o resultado de um prolongado processo de miscigenação, cuja intensidade variou ao longo do tempo.

Miscigenação é o cruzamento de raças humanas diferentes. Desse processo, também chamado mestiçagem ou caldeamento, pode-se dizer que caracteriza a evolução do homem. Mestiço é o indivíduo nascido de pais de raças diferentes, ou seja, apresentam constituições genéticas diferentes.

Esses conceitos, porém, são ambíguos, como o próprio conceito de raça. O filho de um alemão e uma sueca, por exemplo, não é considerado mestiço, mas sim alemão ou sueco, conforme o meio em que ocorrer sua socialização. O filho de um alemão e uma vietnamita, ao contrário, será considerado mestiço (eurasiano), seja qual for o meio em que se der sua integração. Popularmente, considera-se miscigenação a união entre brancos e negros, brancos e amarelos, e entre amarelos e negros, ou seja, os grandes grupos de cor em que se divide a espécie humana e que, na concepção popular, são tidos como "raças". Brancos, negros e amarelos, no entanto, não constituem raças no sentido biológico, mas grupos humanos de significado sociológico que o senso comum identifica por um traço peculiar -- no caso, a cor da pele.

Na história do Brasil, a ocorrência da mestiçagem é bastante pronunciada. Esse fato gerou uma identidade nacional singular e um povo marcadamente mestiço na aparência e na cultura.

Os ancestrais indígenas do brasileiro contemporâneo caracterizavam-se mais pela diversidade do que pela homogeneidade, enquanto os portugueses provinham de um processo de caldeamento secular e variado, no qual se destacam contribuições dos fenícios, gregos, romanos, judeus, árabes, visigodos, mouros, celtas e escravos africanos. É difícil precisar a origem dos negros trazidos da África para o Brasil, mas é sabido que provieram de diferentes tribos e nações.

Do século XVI ao XVIII, em aproximadamente 15 gerações, consolidou-se a estrutura genética da população brasileira, com o entrecruzamento de africanos, portugueses e índios. Ainda no período colonial, franceses, holandeses e ingleses tentaram se estabelecer em território brasileiro e deixaram alguma contribuição étnica, embora restrita.

Ao mulato, mestiço de negro e branco, se deve toda a construção da economia litorânea no Brasil, inclusive o desenvolvimento de sua vida urbana. Ao mameluco, resultante das relações entre branco e índio, se deve a penetração para o interior e a marcha para o oeste. A partir do século XIX, acrescenta-se à miscigenação entre os primeiros grupos étnicos a contribuição dos imigrantes italianos, espanhóis, alemães e japoneses, que também participaram do processo de mistura racial no Brasil.

Os alemães se estabeleceram principalmente no Sul, os italianos em São Paulo, e os espanhóis em todo o país. Isso também contribuiu para que a mistura de povos no Brasil tivesse composição diferente de acordo com a região. De maneira geral, pode-se dizer que predomina no litoral o mulato e, no interior, o branco e vários mestiços. A população é mais índia no Norte, menos branca no Nordeste, mais índia e mais branca no Centro-Oeste e menos negra no Sul. No Sudeste, historicamente a área de maior desenvolvimento, há um pouco de todas as raças.


Povos no Brasil

As três raças básicas formadoras da população brasileira são o negro, o europeu e o índio, em graus muito variáveis de mestiçagem e pureza. É difícil afirmar até que ponto cada elemento étnico era ou não previamente mestiçado.

A miscigenação no Brasil deu origem a três tipos fundamentais de mestiço:

Cabloco = branco + índio

Mulato = negro + branco

Cafuzo = índio + negro


Brancos

Os portugueses trouxeram um complicado caldeamento de lusitanos, romanos, árabes e negros, que habitaram em Portugal. Os demais grupos, vindos em grande número para o Brasil em diversas épocas -- italianos, espanhóis, alemães, eslavos, sírios -- também tiveram mestiçagem semelhante. A partir de então, a migração tornou-se mais constante. O movimento de portugueses para o Brasil foi relativamente pequeno no século XVI, mas cresceu durante os cem anos seguintes e atingiu cifras expressivas no século XVIII. Embora o Brasil fosse, no período, um domínio de Portugal, esse processo tinha, na realidade, sentido de imigração.

A descoberta de minas de ouro e de diamantes em Minas Gerais foi o grande fator de atração migratória. Calcula-se que nos primeiros cinqüenta anos do século XVIII entraram, só em Minas, mais de 900.000 pessoas. No mesmo século, registra-se outro movimento migratório: o de açorianos para Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Amazônia, estados em que fundaram núcleos que mais tarde se tornaram cidades prósperas.

Os colonos, nos primeiros tempos, estabeleceram contato com uma população indígena em constante nomadismo. Os portugueses, embora possuidores de conhecimentos técnicos mais avançados, tiveram que aceitar numerosos valores indígenas indispensáveis à adaptação ao novo meio. O legado indígena tornou-se um elemento da formação do brasileiro. A nova cultura incorporou o banho de rio, o uso da mandioca na alimentação, cestos de fibras vegetais e um numeroso vocabulário nativo, principalmente tupi, associado às coisas da terra: na toponímia, nos vegetais e na fauna, por exemplo. As populações indígenas não participaram inteiramente, porém, do processo de agricultura sedentária implantado, pois seu padrão de economia envolvia a constante mudança de um lugar para outro. Daí haver o colono recorrido à mão-de-obra africana.

O Brasil é o país de maior população branca do mundo tropical.


Negros

Os negros, trazidos para o Brasil como escravos, do século XVI até 1850, destinados à lavoura canavieira, à mineração e à lavoura cafeeira, pertenciam a dois grandes grupos: os sudaneses e os bantos. Os primeiros, geralmente altos e de cultura mais elaborada, foram sobretudo para a Bahia. Os bantos, originários de Angola e Moçambique, predominaram na zona da mata nordestina, no Rio de Janeiro e em Minas Gerais.

Surgiu assim o terceiro grupo importante que participaria da formação da população brasileira: o negro africano. É impossível precisar o número de escravos trazidos durante o período do tráfico negreiro, do século XVI ao XIX, mas admite-se que foram de cinco a seis milhões. O negro africano contribuiu para o desenvolvimento populacional e econômico do Brasil e tornou-se, pela mestiçagem, parte inseparável de seu povo. Os africanos espalharam-se por todo o território brasileiro, em engenhos de açúcar, fazendas de criação, arraiais de mineração, sítios extrativos, plantações de algodão, fazendas de café e áreas urbanas. Sua presença projetou-se em toda a formação humana e cultural do Brasil com técnicas de trabalho, música e danças, práticas religiosas, alimentação e vestimentas.


Índios

Os indígenas brasileiros pertencem aos grupos chamados paleoameríndios, que provavelmente migraram em primeiro lugar para o Novo Mundo. Estavam no estádio cultural neolítico (pedra polida). Agrupam-se em quatro troncos lingüísticos principais: o tupi ou tupi-guarani, o jê ou tapuia, o caraíba ou karib e o aruaque ou nu-aruaque. Há além disso pequenos grupos lingüísticos, dispersos entre esses maiores, como os pano, tucano, bororo e nhambiquara. Atualmente os índios acham-se reduzidos a uma população de algumas dezenas de milhares, instalados sobretudo nas reservas indígenas da Amazônia, Centro-Oeste e Nordeste.

A esses três elementos fundamentais vieram inicialmente acrescentar-se os mestiços, surgidos do cruzamento dos três tipos étnicos anteriores, e cujo número observou tendência sempre crescente. Ocupam portanto lugar de grande destaque na composição étnica da população brasileira, representados pelos caboclos (descendentes de brancos e ameríndios), mulatos (de brancos e negros) e cafuzos (de negros e ameríndios).

A marca da imigração no Brasil pode ser percebida especialmente na cultura e na economia das duas mais ricas regiões brasileiras: Sudeste e Sul.

A colonização foi o objetivo inicial da imigração no Brasil, visando ao povoamento e à exploração da terra por meio de atividades agrárias. A criação das colônias estimulou o trabalho rural. Deve-se aos imigrantes a implantação de novas e melhores técnicas agrícolas, como a rotação de culturas, assim como o hábito de consumir mais legumes e verduras. A influência cultural do imigrante também é notável.

A imigração teve início no Brasil a partir de 1530, quando começou a estabelecer-se um sistema relativamente organizado de ocupação e exploração da nova terra. A tendência acentuou-se a partir de 1534, quando o território foi dividido em capitanias hereditárias e se formaram núcleos sociais importantes em São Vicente e Pernambuco. Foi um movimento ao mesmo tempo colonizador e povoador, pois contribuiu para formar a população que se tornaria brasileira, sobretudo num processo de miscigenação que incorporou portugueses, negros e indígenas.


Outros Grupos

Os principais grupos de imigrantes no Brasil são portugueses, italianos, espanhóis, alemães e japoneses, que representam mais de oitenta por cento do total. Até o fim do século XX, os portugueses aparecem como grupo dominante, com mais de trinta por cento, o que é natural, dada sua afinidade com a população brasileira. São os italianos, em seguida, o grupo que tem maior participação no processo migratório, com quase trinta por cento do total, concentrados sobretudo no estado de São Paulo, onde se encontra a maior colônia italiana do país. Seguem-se os espanhóis, com mais de dez por cento, os alemães, com mais de cinco, e os japoneses, com quase cinco por cento do total de imigrantes.


Contribuição dos Grupos

No processo de urbanização, assinala-se a contribuição do imigrante, ora com a transformação de antigos núcleos em cidades (São Leopoldo, Novo Hamburgo, Caxias, Farroupilha, Itajaí, Brusque, Joinville, Santa Felicidade etc.), ora com sua presença em atividades urbanas de comércio ou de serviços, com a venda ambulante, nas ruas, como se deu em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Outras colônias fundadas em vários pontos do Brasil ao longo do século XIX se transformaram em importantes centros urbanos. É o caso de Holambra SP, criada pelos holandeses; de Blumenau SC, estabelecida por imigrantes alemães liderados pelo médico Hermann Blumenau; e de Americana SP, originalmente formada por confederados emigrados do sul dos Estados Unidos em conseqüência da guerra de secessão. Imigrantes alemães se radicaram também em Minas Gerais, nos atuais municípios de Teófilo Otoni e Juiz de Fora, e no Espírito Santo, onde hoje é o município de Santa Teresa.

Em todas as colônias, ressalta igualmente o papel desempenhado pelo imigrante como introdutor de técnicas e atividades que se difundiram em torno das colônias. Ao imigrante devem-se ainda outras contribuições em diferentes setores da atividade brasileira. Uma das mais significativas apresenta-se no processo de industrialização dos estados da região Sul do país, onde o artesanato rural nas colônias cresceu até transformar-se em pequena ou média indústria. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, imigrantes enriquecidos contribuíram com a aplicação de capitais nos setores produtivos.

A contribuição dos portugueses merece destaque especial, pois sua presença constante assegurou a continuidade de valores que foram básicos na formação da cultura brasileira. Os franceses influíram nas artes, literatura, educação e nos hábitos sociais, além dos jogos hoje incorporados à lúdica infantil. Especialmente em São Paulo, é grande a influência dos italianos na arquitetura. A eles também se deve uma pronunciada influência na culinária e nos costumes, estes traduzidos por uma herança na área religiosa, musical e recreativa.

Os alemães contribuíram na indústria com várias atividades e, na agricultura, trouxeram o cultivo do centeio e da alfafa. Os japoneses trouxeram a soja, bem como a cultura e o uso de legumes e verduras. Os libaneses e outros árabes divulgaram no Brasil sua rica culinária.

-Influência negra na cultura

No campo religioso, a contribuição negra é inestimável, principalmente porque os africanos, ao invés de se isolarem, aprenderam a conviver com outros setores da sociedade.

Favoreceu esta convivência, a mentalidade comum a ambos os grupos étnicos - brancos e negros -, de que a prática religiosa estava voltada para a satisfação de algum desejo material ou ideal. As promessas a santos, pagas com o sacrifício da missa, apresentavam semelhanças com os pedidos feitos aos deuses e espíritos africanos em troca de oferendas de diversos tipos.

Mas, nos primeiros séculos de sua existência no Brasil, os africanos não tiveram liberdade para praticar os seus cultos religiosos. No período colonial, a religião negra era vista como arte do Diabo; no Brasil-Império, como desordem pública e atentado contra a civilização.

Assim, autoridades coloniais, imperiais e provinciais, senhores, padres e policiais se dividiram entre tolerar e reprimir a prática de seus cultos religiosos.

A tolerância com os batuques religiosos, entretanto, devia-se à conveniência política: era mantida mais como um antídoto à ameaça que a sua proibição representava, do que por aceitação das diferenças culturais.

Outras manifestações culturais negras também foram alvo da repressão. Estão neste caso o samba, revira, capoeira, entrudo e lundú negros.

O racismo

Na sociedade brasileira do século XIX, havia um ambiente favorável ao preconceito racial, dificultando enormemente a integração do negro. De fato, no Brasil republicano predominava o ideal de uma sociedade civilizada, que tinha como modelo a cultura européia, onde não havia a participação senão da raça branca. Este ideal, portanto, contribuía para a existência de um sentimento contrário aos negros, pardos, mestiços ou crioulos, sentimento este que se manifestava de várias formas: pela repressão às suas atividades culturais, pela restrição de acesso a certas profissões, as "profissões de branco" (profissionais liberais, por exemplo), também pela restrição de acesso a logradouros públicos, à moradia em áreas de brancos, à participação política, e muitas outras formas de rejeição ao negro.

Contra o preconceito e em defesa dos direitos civis e políticos da população afrobrasileira surgiram jornais, como A Voz da Raça, O Clarim da Alvorada; clubes sociais negros e, em especial, a Frente Negra Brasileira, que tendo sido criada em 1931, foi fechada em 1937 pelo Estado Novo.

O samba e a capoeira

Durante o período da revolução de 30, os próprios núcleos de cultura negra se movimentaram para ganhar espaço. A criação das escolas de samba no final dos anos vinte já representara um passo importante nessa direção. Elas, que durante a República Velha foram sistematicamente afastadas de participação do desfile oficial do carnaval carioca, dominado pelas grandes sociedades carnavalescas, terminaram sendo plenamente aceitas posteriormente.



No rastro do samba, a capoeira e as religiões afrobrasileiras também ganharam terreno. Antes considerada atividade de marginais, a capoeira seria alçada a autêntico esporte nacional, para o que muito contribuiu a atuação do baiano Mestre Bimba, criador da chamada capoeira regional. Tal como os sambistas alojaram o samba em "escolas", Bimba abrigaria a capoeira em "academias", que aos poucos passaram a ser freqüentadas pelos filhos da classe média baiana, inclusive muitos estudantes universitários.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

O Nascimento da Astronomia


A Astronomia e suas contribuições


Entender os astros e seus movimentos sempre foi muito importante para a agricultura.Tanto é que as civilizações mesopotâmias no Oriente Médio,os egípcios na África,e os maias na América Central,que depemdiam muito da agricultura,desenvolveram técnicas,instrumentos e observatórios bastante refinados para a observação deles.

A capcidade de medir o tempo e registrar os ciclos dos astros(as fases da Lua,por exemplo)que os povos atingidos foram desenvolvendo foi essencial para a astronomia.Foram criados,por exemplo,calendários,relógios de sol e relógios de água.


Fonte:Apostila Anglo

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Grécia:uma civilização que marcou a historia

-a grecia antiga




Expansão do povo grego

Por volta dos séculos VII a.C e V a.C. acontecem várias migrações de povos gregos a vários pontos do Mar Mediterrâneo, como conseqüência do grande crescimento populacional, dos conflitos internos e da necessidade de novos territórios para a prática da agricultura. Na região da Trácia, os gregos fundam colônias, na parte sul da Península Itálica e na região da Ásia Menor (Turquia atual). Os conflitos e desentendimentos entre as colônias da Ásia Menor e o Império Persa ocasiona as famosas Guerras Médicas (492 a.C. a 448 a.C.), onde os gregos saem vitoriosos.
Esparta e Atenas envolvem-se na Guerra do Peloponeso (431 a.C. a 404 a.C.), vencida por Esparta. No ano de 359 a.C., as pólis gregas são dominadas e controladas pelos Macedônios.

Sociedade da Grécia Antiga

A economia dos gregos baseava-se no cultivo de oliveiras, trigo e vinhedos. O artesanato grego, com destaque para a cerâmica, teve grande a aceitação no Mar Mediterrâneo. As ânforas gregas transportavam vinhos, azeites e perfumes para os quatro cantos da península. Com o comércio marítimo os gregos alcançaram grande desenvolvimento, chegando até mesmo a cunhar moedas de metal. Os escravos, devedores ou prisioneiros de guerras foram utilizados como mão-de-obra na Grécia. Cada cidade-estado tinha sua própria forma político-administrativa, organização social e deuses protetores.

Cultura e religião

Foi na Grécia Antiga, na cidade de Olímpia, que surgiram os Jogos Olímpicos em homenagem aos deuses. Os gregos também desenvolveram uma rica mitologia. Até os dias de hoje a mitologia grega é referência para estudos e livros. A filosofia também atingiu um desenvolvimento surpreendente, principalmente em Atenas, no século V ( Período Clássico da Grécia). Platão e Sócrates são os filósofos mais conhecidos deste período.

A dramaturgia grega também pode ser destacada. Quase todas as cidades gregas possuíam anfiteatros, onde os atores apresentavam peças dramáticas ou comédias, usando máscaras. Poesia, a história , artes plásticas e a arquitetura foram muito importantes na cultura grega.

A religião politeísta grega era marcada por uma forte marca humanista. Os deuses possuíam características humanas e de deuses. Os heróis gregos (semi-deuses) eram os filhos de deuses com mortais. Zeus, deus dos deuses, comandava todos os demais do topo do monte Olimpo. Podemos destacar outros deuses gregos : Atena (deusa das artes), Apolo (deus do Sol), Ártemis (deusa da caça e protetora das cidades), Afrodite (deusa do amor, do sexo e da beleza corporal), Démeter (deusa das colheitas), Hermes (mensageiro dos deuses) entre outros. A mitologia grega também era muito importante na vida desta civilização, pois através dos mitos e lendas os gregos transmitiam mensagens e ensinamentos importantes.

Os gregos costumavam também consultar os deuses no oráculo de Delfos. Acreditavam que neste local sagrado, os deuses ficavam orientando sobre questões importantes da vida cotidiana e desvendando os fatos que poderiam acontecer no futuro.

Na arquitetura, os gregos ergueram palácios, templos e acrópoles de mármore no topo de montanhas. As decisões políticas, principalmente em Atenas, cidade onde surgiu a democracia grega, eram tomadas na Ágora (espaço público de debate político).

-Como conhecer o passado dos gregos

A tradicional análise crítica do documento histórico tem como elemento um corpo de procedimentos, critérios e métodos adotados para a construção do conhecimento factível e histórico. Desenvolvida no final do século XIX e início do século XX, concebia os documentos dentro de uma perspectiva positivista, bipolarizada com o dualismo do “verdadeiro” e “falso” (FUNARI, 2003).

Nessa perspectiva, procedimentos análogos aos de um tribunal de justiça eram utilizados para determinar os elementos fictícios ou factíveis de um testemunho histórico. Os textos que se mostrassem “falsos” eram simplesmente descartados, pois eram considerados inúteis para a construção do conhecimento histórico.

No entanto, essa perspectiva tem se transformado desde meados do século XX, principalmente depois do advento das escolas francesas de história e do trabalho de historiadores como Carlo Ginzburg, que ajudaram a ampliar a noção de documento histórico, utilizando-se até mesmo de documentos falsos para a construção do conhecimento histórico.

Ainda assim, diversas tendências oriundas da filosofia da história e da teoria literária, aplicadas à narrativa histórica, tentaram estabelecer um abismo intransponível entre o nosso relato a respeito (‘historia rerum gestarum’) e os eventos que ocorreram (‘res gestae’)” no passado. De acordo com essa intuição, os eventos passados não podem mudar, mas nossa compreensão destes eventos muda, pois além do passado ser inacessível à cognição humana, as representações do passado (“historia rerum gestarum”), que se apresentam de forma narrativa, refletem muito mais a subjetividade da mente do narrador do que o fato passado propriamente dito (“res gestae”) (FUNARI, 2003).

Deve-se ter em mente que tal distinção entre eventos que ocorreram objetivamente e nossas representações subjetivas do passado remonta ao legado dos sofistas da Grécia Antiga, os quais pregavam a completa incapacidade humana não somente de conhecer a realidade, como também de transmitir tal conhecimento, o que trouxe diversas conseqüências sobre as futuras reflexões acerca da epistemologia e da natureza representativa da narrativa histórica.

No entanto, existem vozes espalhadas por todo o mundo que persistem em um grito de protesto contra essa postura, e defendem a possibilidade de não somente se poder conhecer o passado, mas também de reconstruí-lo no presente mediante uma análise apurada e, principalmente, investigativa sobre os elementos que ficaram nas entrelinhas da narrativa.

Uma dessas vozes é o historiador italiano Carlo Ginzburg, que afirma que o discurso do relativismo histórico é em grande parte reducionista e errôneo, pois não apenas se baseia em considerações unidimensionais sobre a leitura de uma narrativa, mas também relega o conhecimento histórico a um grau de relativismo tão intenso que acaba por se contradizer e se caracterizar como um extremo do positivismo.

O presente artigo tem como principal objetivo fazer um paralelo entre a antiga sofística grega e a retórica romana e as abordagens relativistas pós-modernistas. Desse modo, aborda não somente as críticas do relativismo ao conhecimento histórico e as respostas apologéticas oferecidas a essas críticas, mas também, de modo breve, tenta vislumbrar uma forma de fazer história capaz de superar tais objeções e permitir ao historiador ir além da mera leitura simplista da narrativa ao enfatizar a necessidade de se atentar aos diversos aspectos quase imperceptíveis, porém relevantes, presentes em uma narrativa histórica.

Para isso, o presente artigo analisa algumas das opiniões dos mais famosos pensadores pós-modernistas da atualidade, enfatizando a similaridade existente entre o discurso epistemológico destes com a epistemologia apresentada pelos antigos sofistas. O artigo também apresenta duas das principais obras do historiador Carlo Ginzburg, “Relações de Força” e “Mitos, Emblemas e Sinais”, definindo e contrapondo o paradigma indiciário ao discurso pós-moderno e enfatizando a importância desse novo paradigma para a construção do conhecimento histórico e para uma nova epistemologia da história.

-O que a mitologia conta sobre os primeiros gregos?

Zeus o chefe dos deuses aborrecido com a maldade dos homens resolveu inundar a terra com um diluvio.Somente Deucalião e Pirra escaparam da morte numa arca.Durante 9 dias e 9 noites ficaram ali, até chegarem ao monte Parnaso, onde desembarcaram a salvo. Para saber que atitude tomar, o casal resolveu consultar um oraculo, que os aconselhou a atirar para tras os ossos de sua mãe.A mãe era a terra e os ossos eram as pedras.As pedras jogadas por Deucalião transformaram-se em homens e as jogadas por Pirra em mulheres.Eles também tiveram um filho Heleno, que é considera o


-Origens da civilização grega

através do Mediterrâneo. Foi o estudo da Odisséia que forneceu as mais ricas informações para a compreensão da sociedade e da economia da Grécia do período homérico.

A formação da civilização
grega no Período Homérico
O Mundo Grego Antigo, ou Hélade, como era chamado pelos próprios gregos (Grécia é uma nomenclatura romana), ocupava a parte sul da península balcânica, as ilhas do mar Egeu, as costas da Ásia Menor e o sul da Itália. A Grécia setentrional (norte) tinha três importantes regiões: Tessália, Fócida e Etólia (ou Epiro). Na Grécia peninsular, ligada à central pela faixa de terra chamada Corinto, estavam a Lacônia e a Messênia. Na Grécia central, encontravam-se a Beócia e a Atica. Fora do continente, havia a Grécia insular.

Ao final do período Neolítico, a região já era habitada por povos sedentários de língua não grega, chamados pelasgos. A partir de 2000 a.C., aproximadamente, povos de origem indo-européia, chamados helenos, começaram a chegar à região. Os primeiros helenos a alcançar a Grécia foram os aqueus (1950 a.C., originários das estepes russas, que, em busca de melhores pastagens para seus rebanhos, espalharam-se por quase toda a Grécia, parte da Ásia Menor e pelo sul da Itália. O contato dos aqueus com os cretenses deu origem à civilização micênica. A seguir, chegaram os jônios e os eólios (1500 a.C.), que se estabeleceram na Ática e na Ásia Menor. A última leva foi a dos dórios (1200 a.C., que se estabeleceram no Peloponeso, destruindo parte da civilização micênica. A invasão dórica não chegou a atingir a região da Ática.


AS CIVILIZAÇÕES PRÉ-GREGAS:
CRETENSES E MICENICOS

Entre 2500 e 1400 a.C., desenvolveu-se no Mediterrâneo uma cultura bastante importante para a História, cujo principal centro era a ilha de Creta. Essa civilização expandiu-se, chegando à costa da Ásia Menor, às ilhas do mar Egeu e parte da península balcânica (Grécia).
A civilização cretense distinguiu-se por sua intensa produção artesanal, de caráter luxuoso, o que indica que já dominava técnicas de fabricação mais sofisticadas. Essa produção era comercializada através de estradas que ligavam suas cidades-palácios e também era exportada ao Oriente Médio.
Na civilização cretense, as cidades-palácios que mais se destacaram foram Cnossos e Faestos, que eram governadas por reis e funcionavam como se fossem pequenos Estados independentes.
Como vimos anteriormente, foi do contato dos aqueus com os cretenses que surgiu a civilização micênica. Os aqueus estabeleceram-se em pequenos Estados independentes, govemados por príncipes ou chefes militares religiosos. Esses governantes tinham suas "cortes" de nobres guerreiros e eram sustentados pelo trabalho dos camponeses servis.
Construíram castelos fortificados em locais bastante altos, para facilitar a defesa. Eram as acrópoles, isto é, cidades altas". As mais famosas dessas cidades foram Tirinto e Micenas, esta quase inacessível.
Por volta de 1400 a.C., os micênicos invadiram Creta e destruíram Cnossos. Micenas passou a ocupar o lugar de Creta no comércio e na produção artesanal.
A civilização micênica tinha várias características da civilização grega: sua língua era semelhante ao grego, por exemplo. No entanto, a existência de uma forte burocracia e de um poder central que controlava a economia dava à civilização micênica características das civilizações orientais.
A religião micênica era uma fusão de deuses indo-europeus com deuses cretenses. Alguns transformaram-se em deuses gregos. Zeus e Posêidon são dois exemplos.
Mesmo com o desaparecimento da civilização micênica, notamos que os gregos preservaram várias raízes dessa cultura: a língua, os principais deuses e a herança dos feitos históricos da Guerra de Tróia.


O PERÍODO HOMÉRICO

A importância das obras de Homero

A principal fonte histórica para o estudo da Grécia nos períodos anterior e posterior à invasão dórica têm sido os poemas épicos Ilíada e Odisséia, ambos atribuídos a Homero. As duas obras parecem ter sido produzidas em épocas diferentes, pois na Odisséia há muitas menções a armas, ferramentas e instrumentos de ferro, enquanto na filada não se faz referência a esse material. Isso indica que Odisséia é mais recente que Ilíada.
A Ilíada descreve a Guerra de Tróia, cidade que representava parte de uma civilização pré-helênica que entrou em choque com os aqueus (chamados gregos). Já a Odisséia descreve as peripécias de Ulisses. nobre grego, cm suas viagens de volta para Itaca, na Grécia
Com a invasão dos dórios, a ascendente civilização micênica sofreu violento impacto. Seguiu-se um período de acentuado declínio da produção material e intelectual que ficou conhecido como a Idade Média Grega ou Idade das Trevas.

Nesse período, a sociedade retrocedeu para um tipo de organização política e econômica relativamente simples. Formaram-se os clãs ougénos:
grupos de parentes consanguíneos. descendentes de um mesmo antepassado. Formavam uma aristocracia que controlava os meios de produção (as melhores terras, escravos e ferramentas).

Toda a produção era fruto do trabalho dos escravos e dos servidores. No entanto, esses escravos gozavam da proteção de seus senhores e não eram submetidos a maus-tratos. Também os membros do génos trabalhavam junto a seus escravos.
Havia também, nessa sociedade, homens extremamente pobres (thétas), que viviam sob muitos aspectos em piores condições que os escravos, pois não gozavam da proteção de um senhor. Outro elemento do génos era o artesão livre, que fazia armas, instrumentos para a agricultura e objetos em geral: era o demiurgo.
O poder se concentrava nas mãos do patriarca e sua família. Esse poder era de caráter político e religioso e seu detentor (o patriarca) recebia o nome de basileu. Havia ainda uma aristocracia que auxiliava o basileu.
Em determinadas ocasiões, osgénos se uniam, formando uma frâtria e. em face do perigo, as frátrias se uniam formando uma tribo, liderada pelo filo-basi leu (um rei supremo). A escolha desse rei não se baseava na hereditariedade; ele era escolhido pelos aristocratas, entre os mais hábeis e fortes guerreiros.
Essas monarquias primitivas e familiares dos génos sofreram transformações profundas, das quais surgiram as chamadas cidades-Estados gregas.


O PERÍODO ARCAICO

A Grécia antiga não era um "país" centralizado e unificado como o de hoje. Era formada por um grande número de pequenos Estados independentes entre si, que ficaram conhecidos com o nome de cidades-Estados ou, em grego, pólis.

O nascimento da pólis

Depois da invasão dos dórios, a Grécia foi aos poucos se transformando. Surgiram construções no alto dos morros para melhor defesa de possíveis ataques. As casas e templos se aglomeravam e formaram o que ficou conhecido comopóiis, que pode ser grosseiramente traduzida por cidade.
Na parte mais alta, habitava a aristocracia liderada pelo basileu, espécie de rei-sacerdote. Nas partes mais baixas, localizava-se o mercado e nelas moravam os comerciantes, artesãos e trabalhadores em geral.
A acrópole era a parte da pólis onde ficavam as fortificações militares e os templos religiosos. Um exemplo famoso desse tipo de construção é a Acrópole de Atenas.

As transformações da sociedade grega

A consolidação da cidade-Estado iniciou-se no século VIlI. Mas a sociedade grega já apresentava problemas: o aumento da população, a escassez de terras férteis e o monopólio das maiores e melhores terras pela aristocracia, que enriquecia sempre mais.
O pequeno camponês tinha que recorrer ao grande proprietário para obter empréstimos de se-mentes e alimentos que sua propriedade não produzia (por ser pequena); em troca, tinha que dar uma parte do que produzisse ao rico proprietário. Nessa relação, o camponês era conhecido como hectemoro e o grande proprietário era chamado eupátrida. Quando o hectemoro não conseguia pagar suas dívidas ao eupâtrida, tinha suas terras confiscadas por este e, na maioria das vezes, o próprio camponês era vendido como escravo.

Não havia terras para todos e os alimentos eram escassos para uma população crescente. As melhores terras ficavam em mãos de poucos, que também eram os donos do poder político.
Entre os séculos VIII e VII a.C.. os gregos saíram em busca de terras fora da Grécia. Ocuparam várias regiões do Mediterrâneo, como o sul da Itália e a Sicília. A organização dessas colônias era semelhante à das cidades-Estados, com as quais mantinham estreitos vínculos culturais e religiosos.
A colonização ajudou a diminuir um pouco as tensões na Grécia, mas não resolveu as questões principais.

A queda da monarquia e as
transformações econômicas e sociais

As transformações econômicas e sociais da Grécia foram acompanhadas por transformações políticas. A aristocracia passou a ocupar o lugar dos reis. O governo era exercido por um órgão executivo, o arcontado; os arcontes exerciam diversas funções nas áreas judicial. militar e religiosa. Assim, o governo era monopólio exclusivo da nobreza.
Para suprir o problema da falta de alimentos, foram criadas colônias nas regiões férteis do mar Negro, que produziam o trigo. Para pagar a importação, desenvolveu-se na Grécia a cultura da uva e da oliveira para produzir vinho e azeite, que. por sua vez, eram trocados pelo trigo. Para o armazenamento e transporte desses produtos, eram utilizados potes e vasos produzidos por uma dinâmica manufatura de cerâmica.
Surgiu então uma nova camada na sociedade grega: a dos proprietários de terra que produziam e comerciavam o azeite e o vinho. Essa nova camada social, embora rapidamente enriquecida, era impedida de qualquer participação política. A situação dos camponeses pobres continuava a mesma, enquanto a aristocracia mantinha seus privilégios e aumentava suas propriedades, oprimindo os pobres. O descontentamento era geral e crescente.


O PERÍODO CLÁSSICO:
A POLIS DE ATENAS

A região da Ática havia sido pouco atingida pelas invasões dóricas. Isso contribuiu para que as pequenas aldeias que formavam essa região se agrupassem pacificamente sob a hegemonia de uma delas: Atenas. A esse processo de união das aldeias deu-se o nome de sinecismo. E foi desse fenômeno que se formou a cidade-Estado de Atenas.

Evolução política e as reformas de Sólon

As transformações econômicas trouxeram também transformações sociais à Grécia. Atenas tornou- se um dos principais centros exportadores de vinho e azeite e grande produtora de cerâmica. As diferenças entre as classes sociais se acentuavam. Com o surgimento de duas novas classes -a dos novos ricos, proprietários que se beneficiavam da expansão econômica, e a dos escravos, que aumentavam em número -' a situação tornou-se mais e mais tensa. Os eupátridas oprimiam os camponeses pequenos proprietários, enquanto aumentavam sua riqueza e monopolizavam o poder político. Era preciso encontrar uma solução.
A aristocracia propôs, então, uma reforma na sociedade, que foi planejada sucessivamente por dois legisladores: Drácon e Sólon.
Drácon limitou-se a escrever as leis, que até então eram orais, tirando a justiça das mãos dos eupátridas e passando-a para o Estado. Mesmo assim, a situação dos pobres era aflitiva.
Em 594 a.C., Sólon iniciou as seguintes reformas:
· nenhum cidadão grego poderia ser vendido como escravo; assim, os hectemoros que haviam sido vendidos como escravos puderam voltar às suas terras;

· realizou uma reforma social, dividindo a sociedade em quatro classes: as duas primeiras eram as que tinham renda anual entre 300 e 500 medidas de trigo, azeite ou vinho e participavam dos cargos mais importantes do governo; a terceira era a dos guerreiros de infantaria (zeugitas), cuja renda tinha que ser suficiente para a compra de um escudo e uma lança; a quarta classe era a dos thétas, camponeses e artesãos pobres, que somente participavam da assembléia popular;
· criou a eclésia, assembléia popular que opinava sobre os assuntos de interesse geral; estabeleceu o bulé, conselho de 400 membros formado por 100 representantes de cada uma das quatro tribos que existiam na Atica; o poder executivo estava nas mãos do Areópago, que era monopólio das duas camadas mais ricas.
As reformas de Sólon foram importantes porque modificaram a constituição do poder político - o critério era a riqueza, não o nascimento -e porque propiciaram a volta dos camponeses escravizados. As medidas de Sólon também impediram que as propriedades dos eupátridas continuassem a crescer.

As tiranias

As reformas de Sólon não puseram fim às tensões. Em 560 a.C., Pisístrato tomou o poder. dando início às tiranias e centralizando o poder político nas mãos de homens enriquecidos pela expansão econômica.
Pisístrato instituiu o crédito ao pequeno camponês e distribuiu as terras de aristocratas que haviam fugido para o exterior.
Pisístrato morreu em 527 a.C.. sendo substituído por seus filhos Hípias e Hiparco, que continuaram a política do pai. Hiparco foi assassinado em 524 a.C. e Hípias iniciou um período de governo despótico e violento.
Os eupátridas, que se sentiam prejudicados pelo governo de tendência mais popular das tiranias, aliaram-se a Esparta, cidade rival de Atenas, e, em 510 a.C., invadiram a Ática, tomando a cidade de Atenas. Mesmo assim, os eupátridas não mantiveram o poder.


Clístenes, a democracia ateniense e seu significado

O governo da cidade ficou nas mãos da famflia dos Alcmeônidas, liderado por Clístenes. Esse aristocrata organizou um governo baseado na isonomia, ou seja, na igualdade dos cidadãos perante a lei.
Clístenes dividiu a população da Ática para evitar alianças entre famílias eupátridas. Estabeleceu dez tribos, em lugar das quatro anteriores, tomando por base o domicílio de cada cidadão. As tribos eram formadas pelos demos, a menor unidade de divisão criada por Clístenes. O demo era a base do sistema, daí o nome democracia. O poder executivo era exercido pelo bulé (Conselho dos 500), composto por 50 elementos de cada tribo.
Fortaleceu-se a assembléia popular, eclésia, e foi criado o ostracismo, ou seja, a cassação dos direitos do cidadão que conspirasse contra o Estado; essa cassação era votada pela eclésia.
A aristocracia (eupátridas) conservadora não admitia as reformas de Clístenes e aliou-se a Esparta, invadindo Atenas novamente. A população inteira de Atenas pegou em armas e defendeu sua cidade e sua democracia, derrotando espartanos e aristocratas em 508 a.C.
A sociedade ateniense era então composta de três classes: os cidadãos, que gozavam de completa liberdade e participavam das decisões políticas: os metecos, estrangeiros que se dedicavam ao comércio e não gozavam de direitos no sistema democrático grego; e os escravos, comprados ou conquistados nas guerras, que também não tinham direitos. Vale ressaltar que também as mulheres eram excluídas da democracia ateniense.


O PERÍODO CLÁSSICO:
A PÓUS DE ESPARTA

Esparta situava-se ao norte da planície da Lacônia, ao sul do Peloponeso. Originou-se da invasão dos dórios e, a partir daí, começou sua expansão. Sua mais importante conquista foi a da Messênia, a oeste da Lacônia.
Com a conquista da Messênia, o território pertencente a Esparta foi dividido em lotes (kleroi) e distribuído entre guerreiros espartanos. O trabalho nesses lotes era executado pelos hilotas, escravos pertencentes ao Estado espartano e não a um proprietário particular. Parte do campo era ocupada pelos periecos, trabalhadores que não eram escravos mas que também não tinham direitos políticos.
A partir do século VII a.C. a monarquia perdeu seu poder em Esparta, mas não se extinguiu nem foi substituida por outras formas de governo:
era exercida por dois reis, que tinham funções militares e religiosas. As leis eram elaboradas pela gerúsia, um conselho de aristocratas anciãos. A autoridade máxima executiva era exercida pelo eforato, órgão composto por cinco aristocratas (eleitos pela assembléia de todos os cidadãos guerreiros), que concentrava todo o poder de Esparta.
A cidade-Estado de Esparta foi a primeira na história da Grécia a permitir a participação política dos cidadãos por meio de uma assembléia. Havia uma igualdade política, mas era usufruída, única e exclusivamente, por 8 ou 9.000 guerreiros. Esses guerreiros se autodenominavam hómoioi (os iguais).
A sociedade espartana era eminentemente guerreira. Os soldados espartanos ficaram conhecidos por toda a Grécia como os mais disciplinados e melhores guerreiros. A razão desse brilhantismo na guerra devia-se ao fato de poderem tais soldados dedicar-se integralmente ao treinamento esportivo e militar, enquanto uma grande massa de trabalhadores hilotas produzia o necessário para seu sustento.
Os espartanos temiam uma revolta dos hilotas e, por essa razão, mantinham um clima de terror sobre essa classe. Temiam, também, as transformações que ocorriam em outras cidades-Estados, como Atenas, com sua democracia. Dessa forma, Esparta aliou-se a outras cidades-Estados conservadoras, formando a Liga do Peloponeso, que tinha por objetivo lutar contra as cidades que ameaçassem a hegemonia espartana no Peloponeso. Esparta foi a mais importante potência militar da Grécia, posição que manteve até sua decadência, no século IV a.C.
Fonte: História da Civilização Ocidental. Antonio Pedro. Ed. FTD.