terça-feira, 28 de setembro de 2010

Pragas Agricolas e Controle Biologico

Pragas Agricolas

Atualmente estão catalogadas inúmeras espécies de animais (maioria insetos) considerados "pragas" para o ser humano, pois atacam as lavouras ou acarretam doenças ao homem.

A vespa Cotesia flavipes é parasitóide da lagarta da broca da cana (Diatraea saccharalis). Sua eficiência no controle desta praga é comprovada cientificamente e aprovada pelos produtores e usinas, sendo o agente biológico mais utilizado no controle biológico na cana-de-açúcar.

A vespa Trichogramma é parasitóide dos ovos de várias espécies de mariposas. Sua eficiência de controle é elevada e atualmente é um dos parasitóides mais utilizados no mundo para o controle de pragas. Abaixo estão algumas das pragas agrícolas que após a realização de pesquisas científicas, comprovou-se a eficiência do controle biológico pela atuação da vespa Trichogramma spp.


Pesticidas


Os pesticidas são resultado do antigo desejo do homem de livrar-se das pragas que invadem seu modo de vida. Mas, no mundo moderno, já e conhecida a outra face de algumas destas substâncias: são venenos perigosos para a saúde e o meio ambiente. Em novembro deste ano, o Conselho da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) aprovou uma versão revisada do Código de Conduta sobre Distribuição e Uso de Pesticidas que fala da responsabilidade dos governos na regulamentação dessas substâncias, da necessidade de ajudar os países com dificuldades técnicas para assumirem os riscos de sua utilização e da importância de contar com boas práticas de produção e comercialização.

O uso de pesticidas na agricultura está muito difundido, pois são considerados essenciais para conseguir melhores condições de cultivo. A lista de substâncias utilizadas nesta atividade inclui algumas perigosas, o que levou organizações como a FAO ou a Organização Mundial da Saude (OMS) a insistirem na necessidade de adotar-se precauções em sua manipulação e venda. Num site sobre Pesticidas e Inseticidas são citados números da OMS segundo os quais dois milhões de pessoas são intoxicadas por essas substâncias a cada ano, e cerca de 200 mil morrem. Outro site, O que você deve saber..., sobre estes compostos, adverte que podem ocorrer danos se entrarem em contato com os olhos ou a pele, se forem aspirados ou ingeridos.

A Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, que tem um portal com informação sobre o assunto, dedica uma página em espanhol à advertência de que nesse país existem 17 mil pesticidas registrados, e que desse total 76% são utilizados nas zonas agrícolas e 23% em zonas urbanas. “O tempo é crítico em qualquer envenenamento com pesticidas”, alerta. Os casos de envenenamento podem ocorrer nas residências, ao entrar em contato com inseticidas, mas, em sua maior parte, afetam trabalhadores agrícolas ou suas famílias, que freqüentemente devem conviver com pesticidas.


Transgênicos

Transgênicos, ou organismos geneticamente modificados (em inglês, OMG), são produzidos em laboratório a partir da introdução de genes de outras espécies, com a finalidade de atribuir a eles características que não poderiam ser incorporadas de forma natural, ou por seleção artificial. Um exemplo é uma nova variedade de algodão, desenvolvida a partir de um gene da bactéria Bacillus thuringensis, que produz uma proteína extremamente tóxica a certos insetos e vermes. Outros, mais ousados, incluem feijão de corda resistente à seca, soja com anticorpos contra o câncer, alface e tomate com proteína antidiarreica e animais transgênicos com leite enriquecido.

A utilização destes organismos, e de produtos que os contém, é um tema de bastante destaque e controvérsias. Os defensores - como as empresas Monsanto, Dupont, Syngenta, Groupe Limagrain, Land OLakes, KWS AG, Bayer Crop, Takii, Sakata e DLF-Trifolium - afirmam que estes alimentos são mais produtivos e resistentes, reduzem o uso de pesticidas e podem acabar com o problema da fome no mundo. Assim, segundo eles, os OMG se utilizam de menos recursos naturais, e melhoram a vida dos agricultores.

Já a vertente contrária frisa primeiramente as questões éticas, questionando até onde vai o direito humano de alterar a natureza; e aponta que, desde Malthus, sabe-se que o problema da fome não é em razão da falta de alimentos, mas sim à má distribuição destes – o que contraria o argumento dado por aqueles que defendem os OMG.

Além disso, algumas evidências já foram identificadas, como o fato de que o material genético transgênico suplanta o perímetro de 20 metros (definidos como "seguros" pela CTNBio) entre as culturas, contaminando lavouras convencionais, como no Paraná, pelo milho MON 810; intoxicação de espécies animais e vegetais por componentes de transgênicos, como anfíbios, pelo glifosato; a resistência dos OMG (e das pragas agrícolas, como a lagarta-do-cartucho) aos pesticidas, fazendo com que a utilização destes produtos, após alguns anos, supere de forma assustadora os valores utilizados em culturas convencionais (segundo o Ibama, 85% a mais), causando impactos ambientais ainda maiores; a ocorrência de alergias, intolerâncias alimentares e outros problemas fisiológicos (o jornal britânico The Independent divulgou que a Monsanto havia realizado uma pesquisa que apontava que ratos alimentados com uma dieta rica em milho geneticamente modificado desenvolveram rins menores e alterações em seu sangue); eliminação ou afastamento de polinizadores; e a possível monopolização da agricultura nas mãos de grandes empresas, prejudicando a agricultura familiar (esta que responde pela maior parte dos produtos alimentares consumidos no Brasil). Quanto a este último fator, é interessante pontuar o caso das plantas transgênicas estéreis, classificadas como sendo do tipo “terminator”: por não se reproduzirem, fazem com que o agricultor tenha a constante necessidade de comprar novas sementes, além do agrotóxico específico desta cultura, chamado Round-up, produzido pela mesma empresa.

Existe também a possibilidade destes alimentos diminuírem ou anularem o efeito de antibióticos no organismo (lembrando que em muitos deles são utilizados genes bacterianos); e a de se perder o controle sobre os indivíduos originais e os transgênicos, podendo causar impactos inestimáveis em toda a biodiversidade, como adição de novos genótipos, eliminação de espécies, exposição de indivíduos a novas doenças, redução da diversidade genética e interrupção da reciclagem de nutrientes e energia. Vale ressaltar a pesquisa feita por pesquisadores do Instituto Central de Animais Experimentais do Japão, publicado na revista científica Nature, que demonstrou que macacos transgênicos podem passar o gene implantado para os filhotes - significando que são reais tais possibilidades citadas.

Assim, percebe-se que, pelo menos até que mais estudos sejam feitos, até que melhorias na fiscalização sejam adotadas, e até que argumentos e resultados consistentes relativos à segurança deste tipo de produto sejam fornecidos, deveria ser considerado o princípio da precaução. A falta de créditos a esta prática foi que permitiu com que o mal da vaca louca pudesse também causar contaminações humanas, e que inúmeros bebês nascessem com deformidades pelo uso da talidomida por suas mães, durante a gestação.

Controle Biológico

A incorporação do controle biológico como parte de um programa integrado de controle de pragas reduz os riscos legais, ambientais e públicos do uso de produtos químicos. Métodos de controle biológico podem ser usados em plantações para evitar que populações de pragas atinjam níveis danosos.

O controle biológico pode representar uma alternativa mais econômica ao uso de alguns inseticidas. Algumas medidas de controle biológico podem evitar danos econômicos a produtos agrícolas. A maioria dos inseticidas apresenta amplo espectro de atuação e matam de modo não específico outros animais ecologicamente importantes e potencialmente úteis. Os inimigos naturais usualmente têm preferências muito específicas para certos tipos de pragas e podem não causar dano algum a outros animais benéficos e a pessoas, havendo menos perigo de impacto sobre o ambiente e qualidade da água. Quando usados adequadamente, vários produtos comerciais para controle biológico podem ser bastante eficazes.

Perigos do Controle das Pragas

O controle biológico requer planejamento e gerenciamento intensivos. Pode demandar mais tempo, mais controle, mais paciência, mais educação e treinamento. O uso bem sucedido do controle biológico requer um grande entendimento da biologia da praga e a de seus inimigos. Muitos inimigos naturais de pragas são sensíveis a pesticidas e seu uso em um programa de controle biológico requer muito cuidado. Em alguns casos, o controle biológico pode ser até mais caro que o de pesticidas. Freqüentemente, os resultados do uso de práticas de controle biológico não são tão dramáticas ou tão rápidas como aqueles do uso de pesticidas. A maioria dos inimigos naturais atacam somente tipos específicos de animais, ao contrário dos pesticidas de amplo espectro.

Manejo e controle das Pragas

Os produtos indicados para o controle das pragas da soja, encontram-se nas Tabelas 10.3, 10.4, 10.5 e 10.6. Na escolha do produto, levar em consideração a toxicidade, o efeito sobre inimigos naturais e o custo por hectare. Atentar para as doses indicadas, utilizar EPI (equipamento de proteção individual) durante o preparo e a aplicação dos defensivos e dar o destino correto às embalagens, conforme legislação vigente.

Lagarta da soja (A. gemmatalis) - Dar preferência, sempre que possível, à utilização do Baculovirus, na dose de 20 g/ha de lagartas mortas pelo próprio vírus (aproximadamente 50 lagartas/ha), maceradas em um pouco de água, ou 20g/ha da formulação em pó molhável. Em situações nas quais a população de lagartas grandes já tenha ultrapassado o limite para a aplicação de Baculovírus puro (mais que 10 lagartas grandes/pano) e for inferior ao nível preconizado para o controlequímico (40 lagartas grandes/pano), o Baculovírus pode ser utilizado em mistura com o inseticida profenofós ou com endossulfam, na dose de 30 g i.a./ha e 35 g i.a./ha, respectivamente.

O preparo do material deve ser feito batendo-se a quantidade de lagartas mortas ou o pó, juntamente com a água, em liquidificador, e coando a calda em tecido tipo gaze, no momento de transferir para o tanque do avião ou do pulverizador. Caso a aplicação tenha início pela manhã, o preparo do material pode ser realizado durante a noite anterior. No caso de aplicação por avião, usar a mesma dose, empregando água como veículo, na quantidade de 15 l/ha, ajustar o ângulo da pá do “micronair” para 45 a 50 graus, estabelecer a largura da faixa de deposição em 18 m e voar a uma altura de 3 a 5 m, a 105 milhas/hora, com velocidade do vento não superior a 10 km/h.

Em caso de ataques da lagarta-da-soja no início do desenvolvimento da cultura (plantas até o estádio V4 - três folhas trifolioladas), associados com períodos de seca, o controle da praga deverá ser realizado com outros produtos seletivos e indicados (Tabelas 10.3 e 10.7), visto que, nessas condições, haverá necessidade de controle rápido das lagartas, caso contrário poderá ocorrer desfolha que prejudicará o desenvolvimento das plantas.

Percevejos - Em certas situações, o controle químico pode ser efetuado apenas nas bordas da lavoura, sem necessidade de aplicação de inseticida na totalidade da área, porque o ataque destes insetos se inicia pelas áreas marginais, aí ocorrendo as maiores populações. Uma alternativa econômica é a mistura de sal de cozinha (cloreto de sódio) com a metade da dose de qualquer um dos inseticidas indicados na Tabela 10.4 (ver observações no rodapé). O sistema consiste no uso de apenas 50% da dose indicada do inseticida, misturada a uma solução de sal a 0,5%, ou seja, com 500 gramas de sal de cozinha para cada 100 litros de água colocados no tanque do pulverizador, em aplicação terrestre. O primeiro passo é fazer uma salmoura separada e, depois, misturá-la à água do pulverizador que, por último, vai receber o inseticida.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

O Brasi Multicultural

Raça e etnia


O Brasil possui uma riquíssima diversidade étnico-racial e lingüística, uma das maiores no mundo. Os brasileiros indígenas somam cerca de 400 mil pessoas vivendo em mais de 3 mil aldeias, pertencentes a 225 etnias e falando 180 diferentes línguas. Os brasileiros afro-descendentes constituem a segunda maior população negra do mundo (atrás somente da Nigéria): são 87,3 milhões de pessoas correspondendo a 48% dos habitantes do País.

De acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2006, o total de crianças e adolescentes negros e indígenas soma 51% das crianças no Brasil, ou seja, cerca de 31 milhões de brasileiros com menos de 18 anos. Eles são a maioria da população brasileira com menos de 18 anos, mas são também a parcela da população mais vulnerável. Para se ter uma idéia, 50% das crianças e dos adolescentes, no Brasil, são pobres, no entanto, quando se analisa esse dado por raça/cor, meninas e meninos pertencentes aos grupos indígenas e negros são os mais pobres entre os pobres – 63% e 62% respectivamente.

É preciso assegurar que cada criança e cada adolescente, sejam elas negras, indígenas ou brancas, tenham seus direitos garantidos, protegidos e respeitados, igualmente, em todas as políticas públicas. Essas políticas devem tomar em conta os valores das identidades culturais e os conhecimentos tradicionais. O UNICEF acredita que somente vivendo e convivendo com a pluralidade que se constrói um efetivo conceito e igualdade para nossas crianças.

Fonte: http://www.unicef.org/brazil/pt/activities_9420.htm

Preconceito Racial

A exclusão social de um modo geral caracteriza-se por afastar o indivíduo do meio social em que vive. Pode estar relacionada a vários fatores sejam eles, políticos econômicos, religiosos, entre outros.
O preconceito racial é uma forma de exclusão social bastante comum no mundo, porém, pode-se observar que o Brasil, apesar de ser um país com população em sua maioria negra ou afro descendente, o racismo é uma prática muito freqüente, o que nos leva a pensar em qual seria o verdadeiro motivo para tamanha discriminação.
Os antecedentes históricos mundiais podem ser considerados como prova de que o negro sempre foi discriminado em todos os aspectos, não tinham, por exemplo, direito à escola e até a lei do ventre livre ser decretada, não tinham direito nem sobre seus filhos, pois, esses na hora do nascimento eram considerados propriedades dos senhores, como eram chamados os homens de pele branca que tinham condições financeiras de manter sobre seu poder vários escravos e quanto maior a quantidade maior seria o seu prestígio na sociedade.
É fato real que no mercado de trabalho e na sociedade as pessoas de cor de pele negra são menos aceitas que pessoas de pele branca. É obvio que a cor da pele não julga a competência de ninguém, mas, infelizmente, o preconceito existe e deve ser combatido no Brasil, um país negro por natureza, que ainda não aceitou ou não conseguiu aceitar esta realidade.
É preciso que os negros sejam vistos e tratados como pessoas comuns e normais que são, e não como inferiores aos brancos. Esse é apenas o primeiro passo para à sociedade se tornar menos preconceituosa.

Fonte:http://www.overmundo.com.br/overblog/preconceito-racial-uma-forma-de-exclusao-social

A Construção da Civilização Egípcia




A Civilização Egípcia


Uma das civilizações mais importantes da história Antiga. Desenvolveu-se na região do Crescente Fértil, mais exatamente no nordeste da África, uma região caracterizada pela existência de desertos e pela vasta planície do rio Nilo. A parte fértil do Egito é praticamente um oásis muito alongado, proveniente das aluviões depositadas pelo rio. Nas montanhas centrais africanas, onde o Nilo nasce, caem abundantes chuvas nos meses de junho a setembro provocando inundações freqüentes nas áreas mais baixas ( O “Baixo Nilo”). Com a baixa do Nilo o solo libera o humo, fertilizante natural que possibilita o incremento da agricultura. Para controlar as enchentes e aproveitar as áreas fertilizadas, os egípcios tiveram de realizar grandes obras de drenagem e de irrigação, com a construção de açudes e de canais , o que permitiu a obtenção de várias colheitas anuais.

Dada esta característica natural, o historiador grego Heródoto de halicarnasso dizia que “O Egito é uma dádiva do Nilo”. Leitura preconceituosa, que tende a desprezar o empenho, o denodo e a competência técnica da civilização egípcia que aprendeu a utilizar as cheias e vazantes do rio a seu favor.

O Egito, inicialmente, estava dividido num grande número de pequenas comunidades independentes: os nomos que por sua vez eram liderados pelos nomarcas. Essas comunidades uniram-se e formaram dois reinos: o Alto e o Baixo Egito. Por volta de 3200 a.C., o rei do Alto Egito, Menés, unificou os dois reinos. Com ele nasceu o Estado egípcio unificado, que se fortaleceu durante seu governo com a construção de grandes obras hidráulicas, em atendimento aos interesses agrícolas da população. Menés tornou-se o primeiro faraó e criou a primeira dinastia.



Os egípcios adoravam o faraó como a um Deus, a quem pertenciam todas as terras do país e para quem todos deveriam pagar tributos e prestar serviços, característica típica do Modo de Produção Asiático. O governo do faraó era uma monarquia teocrática, ou seja, uma monarquia considerada de origem divina. Como chefe político de um Estado poderoso, o faraó tinha imenso poder sobre tudo e sobre todos. Na prática era obrigado a obedecer às leis, muitas das quais haviam sido criadas séculos antes da unificação dos nomos, o que limitava em parte os seus poderes.



ANTIGO IMPÉRIO (3200 a.C. a 2300 a. C.)


Um Estado pacifista e dedicado à construção de Obras de drenagem e irrigação, que impulsionaram o desenvolvimento da agricultura. Foram construídas as célebres pirâmides de Gizé: Quéops, Quéfren e Miquerinos. A autoridade do faraó é enfraquecida pela ação dos nomarcas, apoiada pela nobreza.



MÉDIO IMPÉRIO (2100 a.C. a 1750 a. C. )


Os faraós reconquistaram o poder. Príncipes do Alto Egito restauraram a unidade política do Império e estabeleceram em Tebas a nova Capital. A massa camponesa, através de revoltas sociais, conseguiu o atendimento de algumas reivindicações, como por exemplo a concessão de terras, a diminuição dos impostos e o direito de ocupar cargos administrativos até então reservados às camadas privilegiadas. O Médio Império chega ao fim com a invasão dos hicsos, um povo de origem asiática. Os hebreus retirando-se da Palestina, chegaram ao Egito; mas foram os hicsos que criaram maiores dificuldades. Com cavalos e carros de combate que os egípcios desconheciam, dominaram o país e instalaram-se no delta do Nilo permanecendo na região aproximadamente dois séculos.



NOVO IMPÉRIO (1580 a.C. a 525 a. C. )


O período iniciou-se com a expulsão dos hicsos e foi marcado por numerosas conquistas. Outra característica fundamental deste período foi o expansionismo e o poderio militar, pois a luta contra o invasor desenvolvera no egípcio um espírito militar conquistador. No governo de Tutmés III, o domínio egípcio chegou a se estender até o rio Eufrates, na Mesopotâmia. No século XIV a. C., Amenófis IV, casado com a rainha Nefertite, empreendeu uma revolução religiosa e política, substituindo os deuses tradicionais por Aton, simbolizado pelo disco solar. Esta medida visava diminuir o poder dos sacerdotes que acabaram por fim expulsos. Amenófis IV passou a se chamar Aquenaton que significa supremo sacerdote do novo deus. Seu sucessor Tutancâmon, restaurou o culto aos deuses tradicionais e pôs fim à revolução.



O governo do faraó Ramsés II (1320 - 1232 a. C.) enfrentou novo obstáculo, como a invasão dos hititas. Inimigos ameaçavam as fronteiras; a resistência era enfraquecida pela rivalidade entre o faraó e grandes senhores enriquecidos pela guerra. Por volta do século VII a. C. os assírios invadiram o país. Em 525 a. C., o rei persa Cambises derrotou o faraó Psamético III, colocando fim à independência egípcia. Os povos do Nilo seriam ainda dominados pelos gregos e, a partir de 30 a. C., pelos romanos.



Quem é quem no Egito


Faraó - soberano todo poderoso, considerado deus vivo, filho de deuses e intermediário entre estes e os homens. Era objeto de culto e sua pessoa era sagrada. O faraó tinha autoridade absoluta: concentrava em si os poderes político e espiritual. Ele ocupava o topo da hierarquia social, filho de Amon-Rá, o deus-sol, e encarnação de Hórus, o deus-falcão. Por isso, esse governo é chamado de teocrático.

Nobres - proprietários de grandes domínios, ocupavam também os principais postos do exército. Esta camada era formada por familiares do faraó, altos funcionários do palácio, oficiais superiores do exército e chefes administrativos.

Sacerdotes - muito cultos, enriqueciam com oferendas feitas pelo povo aos deuses. Eram dispensados do pagamento de impostos e eram proprietários de muitas terras. A função sacerdotal era lucrativa e honrosa, passando de pai para filho. Os sacerdotes tinham a cabeça raspada e uma de suas funções era transmitir as respostas das divindades às perguntas dos fieis.

Escribas - se encarregavam da cobrança dos impostos, da organização escrita das leis e de decretos e da fiscalização da atividade econômica em geral.

Soldados - viviam dos produtos dados em pagamento pelos serviços e dos saques realizados durante as guerras. Nunca atingiam os postos de comando, pois eram reservados à nobreza.

Artesãos - trabalhadores que exerciam diferentes ofícios e que eram geralmente contratados por empreiteiros de grandes obras. Trabalhavam como pedreiros, carpinteiros, desenhistas, escultores, pintores, tecelões, ourives etc. Eles exerciam suas atividades nas grandes obras públicas recebendo em troca apenas alimento.

Camponeses - compunham a maior parte da população, viviam submetidos a uma violenta repressão por parte da camada dominante, que a ameaçava constantemente com exércitos profissionais para forçá-la a pagar impostos. Trabalhavam nas propriedade do faraó e dos sacerdotes e tinham o direito de conservar para si uma parte dos bens por eles produzidos.

Escravos - originários da escravidão por dívidas e da dominação de outros povos através das conquistas militares. Faziam os serviços domésticos ou trabalhavam nas pedreiras e nas minas.

Na sociedade egípcia desenvolveu-se o chamado modo de produção asiático, em que todas as terras pertenciam ao Estado e os camponeses das aldeias tinham o direito de cultivar o solo desde que pagassem um imposto coletivo. Esse imposto era pago com cereais, que eram estocados nos armazéns reais. Nessa sociedade, a base da economia era a agricultura. Cultivavam-se principalmente trigo, cevada, frutas, legumes, linho e algodão. Dentre outras atividades destacamos o comércio a indústria artesanal de tecidos e de vidro, a construção de navios, a cerâmica e a criação de bois, carneiros, cabras, asnos etc. O Estado intervinha na economia controlando a produção, recrutando mão-de-obra e cobrando impostos.


Religiosidade


Quanto a religiosidade, os egípcios eram politeístas, isto é, adoravam vários deuses, inclusive alguns animais, como o gato, o boi e o crocodilo, que eles consideravam sagrados. Além de ser politeísta, era também antropozoomórfica, pois os deuses eram representados geralmente pela figura humana e animal. A religião dos antigos egípcios passou por várias etapas: de um simples politeísmo para a mais recuada expressão conhecida de monoteísmo, retornando depois ao politeísmo. Durante o período do Antigo Reino, o culto do sol, corporificado na adoração de Rá foi o sistema dominante de crença. Servia como religião oficial cuja função principal era dar imortalidade ao Estado e ao povo, coletivamente. Para os egípcios, a morte apenas separava o corpo da alma. A vida poderia durar eternamente, desde que a alma encontrasse no túmulo o corpo destinado a servir-lhe de moradia. Era preciso então, conservar o corpo, e para isso os egípcios se aperfeiçoaram na técnica da mumificação.

A história de Osíris, Ísis e Hórus ilustra bem este aspecto. A ela, portanto:

A Criação do Mundo e os Deuses Egípcios

No princípio era o Caos (Nun), o oceano primordial, dentro do qual se ocultava Atum, escondido num botão de lótus.

Inesperadamente ele apareceu sobre o Caos como Rá (Sol) e criou dois filhos divinos: Chu, deus do Ar, e Tefnet, deusa da Umidade (Não da chuva, inexistente no Egito...). Deste casal nasceram Gheb, deus da Terra, e Nut, deusa do Céu, que por sua vez deram à luz dois filhos, Osíris e Seth, e duas filhas, Ísis e Néftis.

Rá era também o divino soberano dos homens; quando envelheceu, deixou o trono a favor de Chu e Tefnet, avós de Osíris e Ísis, cujo filho foi Hórus.

Estes últimos três deuses, que constituem a primeira Trindade entre tantas que se seguiram, eram de certo modo os deuses nacionais, venerados em todo o país. E as suas façanhas podem ser consideradas o poema nacional dos egípcios. Poema, entretanto, que jamais foi escrito. Foi Plutarco, em sua Obra “Ísis e Osíris”, quem nos esta belíssima narrativa, que pode ser resumida assim:



Cerca de 13.500 anos antes do reinado de Menés, Osíris era um mítico rei-deus dos habitantes do Nilo; soberano benéfico, induziu os seus selvagens súditos a viver em paz, a não destruir-se mutuamente e a abandonar a aventureira vida nômade. Para este fim, ensinou-lhes a trabalhar a terra, a cultivar as parreiras e a obter delas o vinho, bem como a cevada, para extrair a cerveja.

Ensinou-lhes como forjar os metais e as armas para defender-se das feras, convenceu-os a viver em comunidade e a fundar cidades.

Ísis, a irmã-esposa, por sua vez, curava as suas doenças, expulsava os espíritos malignos com magias; fundou a família, ensinou os homens a fazer o pão e as mulheres a tecer, a bordar, etc.

Em suma, inventaram a civilização.

O Egito se viu, assim, na Idade do Ouro. Tot era o Deus das ciências, companheiro e amigo de Osíris. A ele coube a tarefa de ensinar aos egípcios ler e escrever.

Não satisfeito só com isto, Osíris quis levar a sua benéfica missão também ao resto do mundo e, durante sua ausência, confiou a regência do trono a Ísis.

Mas eis que seu irmão Seth, excluído do trono por ser o segundo filho, planejou logo uma trama para usurpá-lo; mas a vigilante Ísis enganou-o, neutralizando assim toda a manobra.

Osíris regressa da viagem, concluída com êxito, em companhia de Tot e de Anúbis (Deus dos mortos).

Seth, o traidor, exatamente o oposto de Osíris, trama uma terrível artimanha: oferece uma festa em homenagem ao irmão, e durante o banquete mostra aos convidados um escrínio finamente adornado e realçado com gemas e, brincando, proclama que o presentearia a quem entrasse nele e o ocupasse exatamente com o próprio corpo (tinha-o mandado fazer sob medida para Osíris, que era de grande estatura).

Todos os convidados admiraram a preciosidade da obra e desejaram tê-la; então cada um experimentou para ver se seu corpo cabia dentro, mas o escrínio resultava sempre demasiadamente grande.

Enfim, chegou a vez do rei, cuja estatura se adaptou perfeitamente.

Seth, rapidamente, com os seus cúmplices, fecha a tampa, lacra-a com chumbo e lança o escrínio no rio Nilo.

Apavorados, os deuses tomaram formas de animais para fugir da estúpida sorte. Desesperada, Ísis arrancou as roupas, e com a ajuda de Tot conseguiu fugir e partiu à procura dos restos mortais do esposo para dar-lhe ao menos uma sepultura digna.

Era escoltada por sete escorpiões venenosos, terrível guarda do corpo. Chegou cansada à cidade de Pa-sin; mas, vestida em trapos e esgotada como estava, não encontrou hospedagem (talvez também por causa da pouco recomendável comitiva). Uma senhora fechou-lhe ostensivamente a porta na cara. Os sete escorpiões consultaram-se entre si sobre a maneira de vingar o insulto à deusa e, um a um, aproximando-se de sua líder, Tefen, injetaram-lhe todo o veneno.

Tefen entrou na casa da irreverente senhora, encontrou o seu filho e picou-º O poder do veneno era tanto que a casa incendiou-se.

Uma misericordiosa e humilde camponesa, de nome Taha, teve pena daquele rosto petrificado pela dor e acolheu Ísis. A outra, que se chamava Usa, não encontrou uma gota d’água para apagar o incêndio; desesperada e com a criança morrendo nos braços, vagava à procura de ajuda, mas não encontrou ninguém que a socorresse. Então Ísis teve pena dela: ordenou ao veneno que não atuasse e a criança sarou logo, enquanto uma chuva milagrosa apagava o incêndio.

O céu estava sereno; Usa arrependeu-se e compreendeu que se achava diante de um ser sobrenatural e ofereceu presentes a Ísis, implorando-lhe o perdão.

Ísis continuou a andar entre as inúmeras emboscadas que os espíritos malignos, a serviço de Seth, lhe armavam no caminho. Nos arredores de Tânis ficou sabendo, por intermédio de algumas crianças, que o escrínio, na correnteza daquele braço do Nilo, havia chegado ao mar.

Desesperada, caminhou até chegar a Biblos, na Fenícia; lá ficou sabendo que o esquife fora parar no meio dos arbustos, os quais, em contato com o corpo divino, transformaram-se numa esplêndida acácia que encerrou o escrínio em seu tronco. O rei de Biblos, ao ver a estranha árvore, ordenou que a cortassem para fazer dela uma coluna no seu palácio.

Assim, todas as noites Ísis ia à cidade e transformava-se numa andorinha que esvoaçava em torno da coluna, lançando estrídulos pungentes, mas ninguém parecia notar.

Finalmente, resolveu agir: passou perto da fonte e quando as criadas da rainha foram apanhar água, começou a conversar, depois a penteá-las, a oferecer perfumes, e as criadas ficaram muito contentes. A rainha quis conhecê-la, e em pouco tempo caiu nas suas graças e foi nomeada governanta do príncipe. Todas as noites, depois de assumir sua forma de andorinha, chorava penosamente.

Uma noite a rainha quis certificar-se de que a criança dormia e entrou em seu quarto, onde se deparou com com uma situação aterradora: Ísis amamentava o bebê com a ponta do indicador e seu berço estava rodeado por chamas e, aos pés da cama, sete escorpiões montavam guarda.

Gritou, perplexa; o rei e os guardas socorreram-na, enquanto Ísis, com um simples sinal, apagava as chamas.

A Deusa então revelou-se e repreendeu a rainha; grata pela hospitalidade, tinha decidido tornar o príncipe imortal e, por esta razão, todas as noites o imergia nas chamas purificadoras. Mas infelizmente agora o encanto não fazia mais efeito.

Com isso a rainha ficou profundamente entristecida, e o rei, sentindo-se honrado por ter acolhido uma Deusa, prometeu-lhe o que quisesse. Ísis, naturalmente, pediu ao rei a grande coluna de onde tirou o escrínio e encheu o tronco de perfumes, envolveu-o com faixas perfumadas e deixou-o ao rei e ao seu povo como lembrança e relíquia preciosa.

Retomou o caminho de volta escoltada por dois filhos do rei, mas não resistiu por muito tempo: ordenou que a caravana fizesse uma parada e abriu a caixa. Quando apareceu o rosto do marido, os seus gritos de dor encheram o ar de um espanto tão grande que um dos filhos do rei ficou louco. Já outro teve menos sorte: Ísis tinha-se inclinado chorando sobre o rosto querido e o jovem a observava, ignorante e curioso. A Deusa percebeu e lançou-lhe um olhar tão forte que ele caiu morto.

Tendo assim ficado sozinha, Ísis tentou de tudo, empregou em vão todas as fórmulas mágicas para trazer seu esposo de novo à vida; transformou-se me falcão e, agitando sobre ele as asas para procurar restituir-lhe o sopro de vida, milagrosamente ficou fecundada.

Chegando ao Egito, escondeu o esquive num lugar solitário perto de Buto, entre os emaranhados pântanos do Delta que o protegiam contra os perigos.

Mas, por acaso, Seth o encontrou, quando numa noite caçava ao claro da lua. Abriu o ataúde e viu os restos mortais do irmão. Ficou furioso e despedaçou-o, dividindo-o em quatorze partes que foram espalhadas pelo Egito.

A infeliz Ísis, com o novo suplício, recomeçou a piedosa procura dos restos fúnebres, e depois de imensas fadigas conseguiu reconstituí-los (exceto o membro viril, devorado por um ossirinco, uma espécie de esturjão do Nilo).

Nos lugares em que os restos foram encontrados, surgiram capelas, e mais tarde templos, nos quais se realizavam peregrinações chamadas “Da procura de Osíris”.

Recomposto o corpo, Ísis chamou para junto de si a irmã preferida, Néftis (esposa inocente do perverso Seth), Tot e Anúbis. E, com a ciência herdada de Osíris, juntos envidaram todos os esforços para restituir-lhe a vida. Anúbis embalsamou o corpo, que foi enfaixado e recoberto de talismãs (surgiu assim a primeira múmia). Nas paredes do sepulcro, em Abidos, foram gravadas as fórmulas mágicas rituais. Junto ao sarcófago foi colocada uma estátua idêntica ao defunto.

Assim Osíris ressuscitou, mas não pode reinar mais sobre esta terra e tornou-se rei do “Lugar que fica além do Horizonte ocidental”, que transformou, de um lugar triste e escuro, numa chácara fértil e rica de colheitas.

Realizado o rito do sepultamento, Ísis voltou a esconder-se nos pantanais para proteger-se, e principalmente o filho que esperava, contra as vinganças de Seth. Quando Hórus nasceu a mãe guarneceu-o com todo o amor, invocou sobre ele ajuda de todos os deuses e depois lhe ensinou a magia e educou-o em memória do pai. Hórus cresceu. “Como o sol nascente, seu olho direito era o sol, o esquerdo, a lua”, e ele próprio era um grande falcão que cortava os céus. Quando ficou maior, Osíris voltou à terra para fazer dele um soldado.

Então Hórus reuniu todos os fiéis do rei traído e partiu à procura de Seth, para vingar a morte do pai.

A ferrenha batalha durou três dias e três noites; Seth e seus fiéis transformaram-se nos mais terríveis e estranhos animais para fugir à derrota. Hórus mutilou Seth, mas este se transformou num grande porco preto e devorou o olho esquerdo de Hórus. Assim a lua parou de brilhar e a humanidade ficou atônita. No fim, Seth estava prestes a sucumbir, quando Ísis interveio, suplicando ao filho que desse fim ao massacre, afinal, Seth era seu irmão e marido de sua irmã predileta, Néftis. Num ímpeto de ódio, Hórus decepou a cabeça da mãe. Tot curou-a logo, colocando em lugar da sua, uma cabeça de vaca. A batalha recomeçou e durou indefinidamente, sem vencedores nem vencidos. Tot, que curou Seth, intrometeu-se autoritariamente, mas impôs-lhe que restituísse o olho de Hórus. Então a lua voltou a brilhar. Vieram então os Deuses e levaram a questão ao julgamento de Tot. Foi um processo que durou oitenta anos. Seth acusou Hórus de não ser filho de Osíris, tendo nascido depois da morte do citado pai. Hórus refutou a acusação, tachando Seth de má fé, enfim, o Divino Tribunal sentenciou que Hórus ficaria com o reino do Baixo Egito e Seth com o Alto Egito.










Arte


A principal arte desenvolvida no Egito Antigo foi a arquitetura. Marcada pela religiosidade, a arquitetura voltou-se para a construção de belos e grandes templos, como os templos de Karnac, Luxor e Abu-Simbel, e de gigantescas pirâmides como as de Quéops, Quéfren e Miquerinos. A escultura atingiu o auge com a construção de monumentos de grandes estátuas de faraós. A escrita egípcia, conhecida como hieroglífica, foi criada no período pré-dinástico e era monopólio e privilégio dos sacerdotes e dos escribas. Ao longo do tempo, surgiram no Egito dois outros tipos de escrita: a escrita hierática e a demótica. A hierática foi uma simplificação da hieroglífica, mas seu uso ligava-se ainda a religião e ao poder, e a demótica era a escrita popular.



Ciência


No campo das ciências os egípcios desenvolveram principalmente a aritmética, a astronomia e a medicina. A ciência procurava resolver problemas práticos, como controle das inundações, construção do sistema hidráulico, preparação da terra, combate as doenças etc. Preocupados com os fenômenos da natureza, os egípcios ao desenvolver a astronomia, criaram um calendário baseado no movimento do sol. Por esse calendário, o ano era dividido em 12 meses de 30 dias e mais 5 dias de festas, que eram adicionados no final para completar os 365 dias anuais.



O estudo da civilização egípcia, da antiguidade aos nossos dias


As origens da antiga civilização egípcia não podem ser definidas com precisão. A descrição do desenvolvimento da civilização egípcia se baseia nas descobertas arqueológicas de ruínas, tumbas e monumentos.

Os hieróglifos proporcionaram importantes dados.

A história egípcia, até a conquista de Alexandre III, o Magno, se divide nos impérios antigo, médio e novo, com períodos intermediários, seguidos pelos períodos tardio e dos Ptolomeus.

As fontes arqueológicas mostram o nascimento, por volta do final do período pré-dinástico (3200 a.C.), de uma força política dominante que, reunindo os antigos reinos do sul (vale) e do norte (delta), se tornou o primeiro reino unificado do antigo Egito. Durante a I e II Dinastias (3100-2755 a.C.), algumas das grandes mastabas (estruturas funerárias que antecederam às pirâmides) foram construídas em Sakkarah e Abidos.

O Império Antigo (2755-2255 a.C.) compreende da III à VI Dinastias. A capital era no norte, em Menfis, e os monarcas mantiveram um poder absoluto sobre um governo solidamente centralizado. A religião desempenhou um papel importante, como fica evidenciado pela riqueza e número dos templos; de fato, o governo tinha evoluído para um sistema teocrático, no qual o faraó era considerado um deus na terra, razão pela qual gozava de poder absoluto.

A IV Dinastia começou com o faraó Snefru que, entre outras obras significativas, construiu as primeiras pirâmides em Dahshur. Snefru realizou campanhas na Núbia, Líbia e o Sinai. Foi sucedido por Queóps, que erigiu a Grande Pirâmide em Gizé. Redjedef, filho de Queóps (reinou em 2613-2603 a.C.), introduziu uma divindade associada ao elemento solar (Rá) no título real e no panteão religioso. Quéfren e Miquerinos, outros membros da dinastia, construíram seus complexos funerários em Gizé.

Com a IV Dinastia, a civilização egípcia conheceu o auge do seu desenvolvimento, que se manteve durante as V e VI Dinastias. O esplendor manifestado nas pirâmides se estendeu para numerosos âmbitos do conhecimento, como arquitetura, escultura, pintura, navegação, artes menores, astronomia (os astrônomos de Menfis estabeleceram um calendário de 365 dias) e medicina.

A VII Dinastia marcou o começo do Primeiro Período Intermediário. Como conseqüência das dissensões internas, as notícias sobre a VII e VIII Dinastias são bastante obscuras. Parece claro, no entanto, que ambas governaram a partir de Menfis e duraram apenas 25 anos. Nesta época, os poderosos governadores provinciais tinham o controle completo de seus distritos e as facções no sul e no norte disputaram o poder. Os governadores de Tebas conseguiram estabelecer a XI Dinastia, que controlava a área de Abidos até Elefantina, perto de Siene (hoje Assuã).

O Império Médio (2134-1784 a.C.) começa com a reunificação do território realizada por Mentuhotep II (reinou em 2061-2010 a.C.). Os primeiros soberanos da Dinastia tentaram estender seu controle de Tebas para o norte e o sul, iniciando um processo de reunificação que Mentuhotep completou depois de 2047 a.C., limitando o poder das províncias. Tebas foi a sua capital.

Com Amenemés I, o primeiro faraó da XII Dinastia, a capital foi transferida para as proximidades de menfis. O deus tebano Amon adquiriu nessa época mais importância que as outras divindades, e foi associado ao disco solar (Amon-Rá).

Os hicsos invadiram o Egito a partir da Ásia ocidental, instalando-se no norte. Sua presença possibilitou uma entrada massiva de povos da costa fenícia e palestina, e o estabelecimento da dinastia hicsa, que deu início ao Segundo Período Intermediário. Os hicsos da XV Dinastia reinaram a partir da sua capital, situada na parte leste do delta, o que lhes permitia manter o controle sobre as zonas média e alta do país. O soberano tebano Ahmosis I derrotou os hicsos, reunificando o Egito e criando o Império Novo (1570-1070 a.C.).

Amenhotep I (1551-1524 a.C.) estendeu os limites até a Núbia e a Palestina. Com uma grande construção em Karnak, separou sua tumba do seu templo funerário e iniciou o costume de ocultar sua última morada. Tutmés I continuou a ampliação do Império Novo e reforçou a preeminência do deus Amon; sua tumba foi a primeira a ser construída no vale dos Reis. Tutmósis III reconquistou a Síria e a Palestina, que tinham se separado anteriormente, e continuou a expansão territorial do Império.

Amenófis IV foi um reformador religioso que combateu o poder dos sacerdotes de Amon. Trocou Tebas por uma nova capital, Aketaton (a moderna Tell el-Amarna), que foi construída em honra de Aton, sobre o qual se centrou a nova religião monoteísta. No entanto, a revolução religiosa foi abandonada no final do seu reinado. Seu sucessor Tutankhamen é conhecido hoje, sobretudo, pela suntuosidade do seu túmulo, encontrado praticamente intacto no vale dos Reis, em 1922.

O fundador da XIX Dinastia foi Ramsés I (reinou em 1293-1291 a.C.), que foi sucedido por seu filho Seti I (reinou em 1291-1279 a.C.); esse organizou campanhas militares contra a Síria, Palestina, os líbios e os hititas. Foi sucedido por Ramsés II, que fez a maior parte das edificações em Luxor e Karnak, ao construir o Ramesseum (seu templo funerário) em Tebas, os templos esculpidos na rocha em Abu Simbel e os santuários em Abidos e menfis. Seu filho Meneptá (1212-1202 a.C.) derrotou os invasores provenientes do mar Egeu, feitos narrados em um texto esculpido na esteira na qual figura a primeira menção escrita conhecida do povo de Israel.

O Terceiro Período Intermediário compreende da XXI à XXIV Dinastias. Os faraós que governaram a partir de Tânis, no norte, entraram em choque com os sumos sacerdotes de Tebas. Os chefes líbios deram origem à XXI Dinastia. Quando os governadores líbios entraram em um período de decadência, vários rivais se armaram para conquistar o poder. De fato, as XXIII e XXIV Dinastias reinaram ao mesmo tempo que a XXII, bem como a XXV (cusita), que controlou de forma efetiva a maior parte do Egito quando ainda governavam as XXIII e XXIV Dinastias, no final do seu mandato.

Os faraós incluídos da XXV à XXXI Dinastias governaram a Baixa Época. Os cusitas governaram de 767 a.C. até serem derrotados pelos assírios, em 671 a.C. Quando o último faraó egípcio foi derrotado por Cambises II, em 525 a.C., o país caiu sob domínio persa (durante a XXVII Dinastia).

A ocupação do Egito pelas tropas de Alexandre Magno, em 332 a.C., pôs um fim ao domínio persa. Alexandre designou o general macedônio Ptolomeu, conhecido mais tarde como Ptolomeu I Sóter, para governar o país. A maior parte do período que seguiu à morte de Alexandre Magno, em 323 a.C., foi caracterizada pelos conflitos com outros generais, que tinham se apoderado das distintas partes do império. Em 305 a.C., assumiu o título real e fundou a dinastia ptolemaica. Cleópatra VII foi a última soberana dessa Dinastia. Tentando manter-se no poder, aliou-se a Caio Júlio César e, mais tarde, a Marco Antônio. Depois da morte de Cleópatra, em 30 a.C., o Egito foi controlado pelo Império Romano durante sete séculos. Nessa época, a língua copta começou a ser usada independentemente da egípcia.

Com a finalidade de controlar a população e limitar o poder dos sacerdotes, os imperadores romanos protegeram a religião tradicional. Os cultos egípcios a Ísis e Serápis se estenderam por todo o mundo greco-romano. O Egito foi também um centro importante do cristianismo primitivo. A Igreja Copta, que aderiu ao monofisismo, se separou da corrente principal do cristianismo no século V.

Durante o século VII, o poder do Império Bizantino foi desafiado pela dinastia dos Sassânidas da Pérsia, que invadiram o Egito em 616. Em 642, o país caiu sob o domínio dos árabes, que introduziram o islamismo.

Nos séculos que se seguiram, teve início um lento processo de islamização que com o tempo produziu a mudança de um país cristão de fala copta para um outro, muçulmano de fala árabe. A língua copta se converteu em uma língua litúrgica.

Durante o califado abássida, surgiram freqüentes insurreições por todo o país provocadas pelas diferenças entre os sunitas, maioria ortodoxa, e a minoria que aderiu aos xiitas. Em 868, Ahmad ibn Tulun transformou o Egito em um estado autônomo, vinculada aos abássidas apenas pelo pagamento de um pequeno tributo. A dinastia de Tulun (os tulúnidas) governou durante 37 anos um império que englobava o Egito, a Palestina e a Síria.

Depois do último governo dos tulúnidas, o país entrou em um estado de anarquia. Suas frágeis condições o tornaram presa fácil para os fatímidas, que em 969 invadiram e conquistaram o Egito e fundaram o Cairo, convertendo-a na capital do seu império. Os fatímidas foram derrotados pelos ayyubis, cujo líder Saladino (Salah ad Din Yusuf ibn Ayubb) se proclamou sultão do Egito e estendeu seus territórios até Síria e Palestina, tomando dos cruzados a cidade de Jerusalém (ver Cruzadas). A debilidade de seus sucessores levou a uma progressiva tomada do poder pelos mamelucos, soldados de diversas origens étnicas que os serviam e terminaram por proclamar-se sultões com Izza al Din Aybak, em 1250.

No final do século XIII e começo do século XIV, o território dos mamelucos se estendia para o norte até os limites da Ásia Menor. A segunda dinastia de sultões mamelucos, os buris, era de origem circassiana; governaram de 1382 a 1517, quando o sultão Selim I invadiu o Egito e o integrou ao Império otomano.

Embora o domínio real dos turcos otomanos sobre o Egito tenha durado apenas até o final do século XVII, o país pertenceu nominalmente ao Império otomano até 1915. Em vez de acabar com os mamelucos, os otomanos utilizaram-nos em sua administração. Na metade do século XVII, os emires mamelucos (ou beis) restabeleceram sua supremacia. Os otomanos aceitaram a situação, com a condição de que pagassem um tributo.

A ocupação francesa do Egito em 1798, levada a cabo por Napoleão I Bonaparte, interrompeu por um curto intervalo de tempo a hegemonia mameluca. Em 1801, uma força britânico-otomana expulsou os franceses. Mehemet Ali assumiu o poder e, em 1805, o sultão otomano o reconheceu como governador do Egito. Mehemet Ali destruiu todos os seus oponentes até se tornar a única autoridade no país. Para poder controlar todas as rotas comerciais, realizou uma série de guerras expansionistas.

Os britânicos ocuparam o Egito de 1882 a 1954. O interesse da Grã-Bretanha se centrava no canal de Suez, que facilitaria a rota britânica até a Índia. Na I Guerra Mundial, a Grã-Bretanha estabeleceu um protetorado. Em 1918, surgiu um movimento nacionalista para garantir a independência. Eclodiu uma revolta violenta no país, razão pela qual a Grã-Bretanha suprimiu o protetorado em 1922 e foi proclamada uma monarquia independente, governada pelo rei Fuad I.

Em 1948, o Egito e outros Estados árabes entraram em guerra com o recém-criado Estado de Israel. Com a derrota, o Exército se voltou contra o rei Faruk I. Em 1952, um golpe de estado depôs o rei e proclamou a República do Egito.

O primeiro presidente, o general Muhammad Naguib, foi uma figura nominal, pois o poder foi exercido por Gamal Abdel Nasser, presidente do Conselho do Comando da Revolução. Em 1956, foi eleito oficialmente presidente da República. No começo, Nasser seguiu uma política de solidariedade com outras nações africanas e asiáticas do Terceiro Mundo e se converteu no grande defensor da unidade árabe. A negativa dos países ocidentais de proporcionar-lhe armas (que provavelmente utilizaria contra Israel) provocou uma reviravolta na política externa de Nasser, que o aproximou dos bloco dos países do Leste.

No que diz respeito à política interna, Nasser suprimiu a oposição política, estabeleceu um regime de partido único e socializou a economia. Essa nova ordem foi chamada de socialismo árabe. Em 1967, continuou a luta contra Israel, que desembocou na guerra dos Seis Dias, ao final da qual Israel assumiu o controle de toda a península do Sinai. O canal de Suez permaneceu fechado durante a guerra e posteriormente foi bloqueado. Nasser recorreu à União Soviética.

Nasser morreu em 1971 e foi sucedido pelo seu vice-presidente, Anwar al-Sadat. Sadat promoveu uma abertura política e econômica, além de procurar uma saída para o problema israelense mediante a negociação; como não conseguiu, planejou outro ataque contra Israel, dando início à guerra do Yom Kippur. Em 1974 e 1975, Egito e Israel concluíram uma série de acordos que resultou na retirada das tropas do Sinai. Em 1975, o Egito reabriu o canal de Suez e Israel se retirou de certos pontos estratégicos e de alguns dos campos petroleiros do Sinai.

A questão econômica começou a ganhar cada mais importância; em 1977, Sadat pediu para que os assessores militares soviéticos abandonasse o país e se aproximou dos Estados Unidos. Em uma conferência tripartite com o presidente norte-americano Jimmy Carter, realizada em 1978, Sadat e o primeiro-ministro israelense Menahem Begin assinaram um acordo para a solução do conflito egípcio-israelense. Grupos fundamentalistas islâmicos protestaram contra o tratado de paz, e Sadat foi assassinado em 1981.

Hosni Mubarak sucedeu Sadat. Abriu politicamente o país e melhorou as relações com outros Estados árabes. Participou da coalizão que lutou contra o Iraque na guerra do Golfo Pérsico, em 1991. Em 1992, os fundamentalistas islâmicos começaram a lançar violentos ataques com o objetivo de substituir o governo de Mubarak por outro baseado no estrito cumprimento da lei islâmica. Em outubro de 1993, Mubarak foi reeleito para um terceiro mandato presidencial, embora continuasse a violência por parte dos militantes islâmicos.



















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